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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

6.10.04

Antes de Marcelo deixar de homiliar



Aqueles que têm crenças já não as podem exercitar no espaço público da pátria. Ficamo-nos pela pequena solidão dos lares, pelas pequenas catacumbas das redes de amigos. E quase de nada valem os signos institucionais de outras procuras. A Universidade depende de um elogio televisivo de Luís Delgado ou por um relatório em inglês de Veiga Simão. As forças armadas tendem a ser encimadas pelo charuto Davidoff de Helena Sacadura Cabral. A justiça, um longo sorriso dilatória. E a república, a ambiguidade discursiva de Sampaio, essas palavras emitidas que apenas servem para interpretações contraditórias. Discursos onde não há linhas, mas apenas entrelinhas. Onde não há ideias, mas insinuações.