Demagogia, incompetência e negocismo
Carvalhas anuncia o abandono. Barroso foi-se. Ferro não quis ficar. E Portas assumiu o decanato. Na liderança partidária. E até na governação.
Mas a renovação talvez seja apenas aparente, confirmando o poder supremo da infra-estrutura gerontocrática, dessa linha subterrânea de ausentes-presentes que se reforça.
Algo cheira a muito complicado neste reino da Dinamarca. A Igreja Católica está cada vez mais invocando a Concordata e o Vaticano. A Maçonaria também parece cada vez mais discreta. As forças armadas estão definitivamente profissionalizadas. As magistraturas, cada vez mais corporativas.
A única rocha firme são as alianças internacionais, onde, da NATO à UE, caminhamos, cada vez mais, para sermos a Turquia Ocidental.
A tal "racionalidade importada" ameaça tornar irracional a própria independência nacional.
Quanto menos a ideia e a emoção de nação nos mobilizarem mais seremos estadualizados de forma alienígena. E com a política reduzida à heteronomia, a cidadania pode reduzir-se à fragmentação contestária e ao protesto faccioso.
Sem uma comunidade afectiva que nos dê justiça e bem comum, apenas reclamaremos direitos e nunca daremos ao todo a necessária justiça e o indispensável amor. Contestar, protestar, exigir podem ser fracturantes se não assumirem a dimensão militante da resistência. E se não houver alma que nos identifique, não passaremos de mera sociedade anónima gestionária. Só com uma necessária tensão espiritual, poderemos vencer as teias da demagogia, da incompetência e do negocismo.
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