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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

16.10.04

O dia de São Semanário

Hoje é dia de São Semanário, todos os sábados é dia de Expresso. E não há membro da classe política, ou candidato a membro da classe política nacional, autárquica ou futeboleira, que não o compre antes da bica da manhã, ou que não tenha dormido tarde na noite anterior para o consultar na Internet. Hoje são poucas as graças:



Ficámos a saber que Manuela Ferreira Leite, apesar ter os impostos em dia, não cumpriu as obrigações partidárias de quotas em dia: «Fui tratada pelo meu partido como uma ilustre desconhecida. Ninguém me conhece na minha secção, fui riscada dos cadernos eleitorais e, agora, não posso votar nem ser eleita».

Se bem me lembro, o António Preto foi eleito para a distrital laranja com o apoio de
Manuela e contra a candidatura de Rui Gomes da Silva, neste partido que é cada vez mais de Preto, de Marco António e de Helena Lopes da Costa. Um partido cada vez mais lumpenproletariat, cada vez mais povão, que prefere o 24 Horas , o Correio da Manhã e a Quinta das Celebridades às chatices dos editoriais do Lima no jornal do Balsemão, às divagações liberais-bushistas do Fernandes no diário do Belmiro e às farpas do Pacheco na SIC-Notícias.

Marcelo fala finalmente e declara que foi tudo «uma opção de consciência em função dos princípios e dos valores». Aceito, mas outro jornal acrescenta:


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Segundo consta Pedro Santana Lopes, ainda sem forte para descansar, passa o primeiro fim-de-semana sem ter peso na consciência. Tranquilizou-se com as declarações de Sampaio sobre a não-dissolução. Recebeu muitos telefonemas de congratulação sobre a respectiva actuação no primeiro confronto com Sócrates. Está feliz. Pela primeira vez, como Primeiro-Ministro, não perdeu uma batalha. A esperança que o bom povo o jardinize continua. É ver a primeira página de outro jornal:



Os relatos da central de imagem são reconfortantes: vencemos a crise, vem aí a massa de Cabora Bassa, Portugal deu sete a um à Rússia, já esquecemos o desastre de Vaduz, a golpada do Dias Ferreira não resultou, o Marcelo vai ficar calado, o Sampaio continua a sampaizar, o Vítor Cruz terá bom resultado, o Jardim esmagará e começam a surtir alguns efeitos os boatos sobre o Sócrates: ele, afinal, tem pouco de D. Sebastião...

Passou a crise, não fomos derrotados nesta batalha, mas a guerra continua. Agora é preciso evitar que as anedotas do Fernando Rocha toquem na gente. E tratem de me arranjar um candidato presidencial para o Congresso de Novembro. De preferência, alguém contra quem não possa haver bicadas do Cavaco e do Marcelo. Tentem, por exemplo, o João Bosco...