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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

6.10.04

Raios partam o "ranking", ou "rei das rãs" que coaxam



Saiu o "ranking". Os primeiros são os que podem pagar 330 euros por mês e que graças ao poder de compra podem ser abençoados pelo privilégio catolaico da igualdade cristã. Quem não paga e vai à missa é do interior, sítio dos parolos, provincianos, feios, porcos e sujos, desses que tem de pagar impostos para este socialismo da treta, feito em nome da liberdade, igualdade e fraternidade, com muita ética republicana à mistura.

"Ranking" é esta nossa querida pouca vergonha que transformou a educação num campeonato de futebol, com árbitros corruptos pelo sistema, onde já temos saudades dos comentários desportivos do Santana Lopes e da Cinha Jardim, agora desviados para a Quintarola das chamadas Celebridades, que é programa da TVI e do governo, em simultâneo, mas já sem homília marceleira.

Quando assistimos a freirinhas postas ao serviço de ricaços que, em vez de educação, fazem investimento educacional em seus rebentos, eis como continuamos a copiar o pior do capitalismo. E até ouvi uma escola pública, que quer "rankar", a dizer que escolhe os alunos conforme eles "rankam".

Que roncos, meu Deus, que broncos, que coaxar de rãs, que vergonha!

E eu a recordar como era bela a igualdade evangélica, ou maçónica, da velha escola pública, onde efectivamente eram iguais em oportunidades o filho do contínuo e o filho do milionário...

Já agora, onde é que andam os filhos dos senhores ministros? Esses que querem serem como o Paulinho, a Cinha, o Avelino e o Pedrinho quando forem grandes....