S.O.S. Provedor do Povo, Precisa-se. Recebido de O.A.

Eis não quando, hoje de manhã, o condutor do táxi onde eu seguia me disse assim:

Sabe?, nós queixávamo-nos do Salazar mas a verdade é que com ele vivíamos mal, mas tínhamos LIBERDADE E AGORA NEM ISSO!

Estes arranjaram a solução de nos tirarem a voz, porque dantes a António Maria Cardoso era onde todos sabiam e agora todas as ruas têm esse nome. Percebe? Às vezes parece-me que levo toda a gente para o mesmo sítio e como sou o condutor vou e venho, vou e venho e…calado, porque estes gajos é que são perigosos. Os bufos de antes vestiam-se todos de igual e estes tanto podem ter gravata como não, entende?

Eu não tenho instrução mas precisava que houvesse um Provedor do povo que falasse por mim.

A propósito para onde é que disse que queria ir?



Bom!, eu……………..

Ah!, já sei, desculpe, mas estes políticos a quem eu pago do meu bolso, até me fazem esquecer os destinos. Mas olhe que eu também acho que o seu sorriso é triste.



Olhe, olhe a cara de parvo desse aí ao lado. É xiquinho esperto. O tipo quer-me passar à frente. Viu?, e é meu colega!, se calhar é assessor do governo e a gente não sabe. Este não tem gravata. Tá a ver, não tá? Eu bem digo…e digo-lhe mais: grave, grave o que eu estou a dizer e publique a ver se eu tenho medo…não, não tenho, mas também não tenho liberdade, nem dinheiro e por acaso a minha aldeia, hoje, também está debaixo de uma barragem.

Percebe?



Perdido por um, perdido por todos!

E estes buracos em Lisboa que estragam os carros todos? Isto é a negociata deles com os empreiteiros…toma xis para ti e xis para mim. Não sabia? Eu sei e há muito tempo que é assim…


O.A.


Mário Soares acaba de considerar, a partir de Paris, que "o país começa todo a compreender o que se está a passar" e que "este Governo não tem condições de governar, não tem estabilidade mínima", acrescentando: "depois do que disse o professor Cavaco Silva, que eu concordo, que foi uma análise lúcida e patriótica, e depois do que passou ontem, com a demissão deste ministro, o que é que é preciso mais? É preciso fazer qualquer coisa".