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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

15.1.05

A aventura da reciclagem contra a co-incineração



Dizem alguns jornais regionais que um dos partidos governamentais usa uma das empresas tuteladas por um dos ministros desse grupo para gerir candidatos a deputados que deixaram de ser elegíveis. A notícia, depois de publicada, vai naturalmente ser considerada especulativa, mas, entretanto, porque foi efectivamente publicada, se houver decoro, pode servir para diminuir o défice. Ilustremos, pois, a dita com a imagem de um pilhómetro, receptáculo usado para guardar o que, depois de gasto, nos pode poluir. E usemos a metáfora nestas eleições justas e livres, mas onde, infelizmente, manda quem pode, até que desobedeça quem deve. Isto é, nós, os povos de Portugal.

Aliás,a teoria dos lugares elegíveis apenas serve para confirmar que os deputados correm o risco de não serem eleitos, mas, simplesmente, nomeados pelos directórios partidários, tornando as eleições mero espectáculo plebiscitário, onde os velhos, novos e pretensamente futuros ministeriais dão sacrificados passeios pela província ao fim-de-semana, depois das tarefas ciclópicas de nomeação, ou de promessa da dita, relativamente aos esforçados "boys" e das "girls", com intervalos de mergulho tropical e férias na neve. Muitos continuam a julgar que apenas se faz política pela arte da aritmética do rolo compressor, movido a publicidade e da propaganda. Contribuinte é obrigado a consumir e a pagar, directa ou indirectamente.

Assim se mantém a circunspecta abstenção dos servidores daquilo que, desde Antero de Quental, se tem qualificado como aliança banco-burocrática, velho mau hábito lusitano que continua a ser seguido pelas gentes do centrão, também dito bloco central de interesses. Em Portugal o importante não é ser ministro, ou deputado, é tê-lo sido.