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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

1.1.05

E se os homens em 2005 oferecessem umas sandálias ao mundo?. De Teresa Vieira



Na verdade, quero crer que ainda se pode criar um tempo de futuro. Quero crer também que um poema, pode ser uma oferta ao primeiro dia de um novo ano; ao primeiro dia de um tempo que passa, tempo este, que bem conhece ter havido um antes e uma verdade registadas na peugada de uma lúcida agitação do Ser.


Vá, dá-me umas sandálias
iguais àquelas
de quando usava caracóis
desviados dos ombros
para a face
consoante o correr.

Vá, dá-me umas sandálias
porque hoje
à frente e atrás
só o mesmo sinal
se impõe
e, sempre que assim foi

só as sandálias que me deste
se impuseram
aos muros
ou de frente para as coisas

apesar de todos os resumos


TERESA VIEIRA

(poema publicado no livro "Das Rosas Todavia"
2001 - Editora Dinalivro)