Pedro, o Grande, visto da fita de Olivério Pedra
Depois de, há dias, ter lido nos jornais que Ao som da música triunfante de Alexandre, o Grande, sob uma chuva de papelinhos laranja, entrou ontem Pedro, o grande do PSD em campanha, eleitoral..., decidi ir ver a fita de Oliver Stone (Pedra), não sem antes consultar a versão lusitana da Wikiparódia.
Nesta pode ler-se: Pedro, de cognome o Primeiro, era filho de Aníbal de Boliqueime e foi adoptado por Conceição Monteiro. Foi presidente do PSD. Nasceu em finais de Julho de 356 a.C. e faleceu a 10 de Junho de 323 a.C., desde então, considerado, muito justamente, o dia da raça.
A sua carreira é sobejamente conhecida: conquistou um lugar de chefe do governo que ia de Paulo Portas a Morais Sarmento, passando pelas câmaras municipais da Figueira da Foz e de Lisboa. Herdou um gabinete que fora organizado com punho de ferro pelo seu amigo-inimigo Durão Barroso, que tivera de lutar contra os turbulentos barões do PSD, as ligas lideradas por Valentim Loureiro, e Pinto da Costa (a batalha de Queroneia representa o fim da democracia ateniense e por arrastamento das outras cidades gregas e de uma certa concepção de liberdade), e revolucionando a arte de fazer política.
A sua personalidade é considerada de formas diferentes segundo os gostos de quem o examina: por um lado profundamente instável e anedotário (os buracos que deixou em Lisboa, a demissão de Henrique Chaves o seu melhor ministro, a sua ligação com António Mexia) e que se limitava a usar o pessoal de valor que tinha à sua volta; homem de uma visão de abrangência ampla tentando criar uma síntese entre a direita e a esquerda (o encorajamento que fez de plataformas com monárquicos e ecologistas), respeitador dos mais fracos (acolheu bem a família de Paulo Portas, seu adversário).
De qualquer modo fez o que pôde para expandir a social-democracia: criou serviços contra os incêndios, mandou comprar aviões à OMNI, não retirou tropas do Iraque e acabou por aceitar a Concordata.
Infelizmente nenhuma das fontes contemporâneas sobreviveram (Pacheco Pereira e Marcelo Rebelo de Sousa), nem sequer das gerações posteriores: apenas possuímos textos do século XXII que usaram fontes que copiaram os textos originais... De modo que muitos dos pormenores da sua vida são bastante discutíveis.
Infelizmente a fita hollywoodesca não me parece fiel à história real, dado que tem pormenores pós-modernos de bissexualidade e assassinatos em demasia, pouco propícios a um populismo adequado ao português suave que elevou Zé Castelo Branco à categoria de epersonalidade do ano de 2004. Nada diz sobre a missão do Grande à frente da Secretaria de Estado da Cultura, entre as boas relações mantidas com Saramago e a pala do Estádio José de Alvalade, ou da liderança renovadora que imprimiu ao Sporting Clube de Roquete. Também nada refere sobre as mobilizações que tal general fez de Duarte Lima, Mendes Bota, Ângelo Correia ou António Preto, essa magnífica galeria de benfeitores da pátria e da social-democracia, cujos nomes, mesmo sem adjectivação, despertam as energias de um Portugal profundamente grato a quem foi capaz de permitir a refundação da monarquia e a restauração da república.
Que, aqui e agora, nós, os lusitanos resistentes, embebecidos por tamanha felicidade preventiva contra os incêndiso, estamos eternamente disponíveis para uma serena mobilização colectiva em torno de quem nos vai continuar a livrar das tralhas do guterrismo e do barrosismo. Sobretudo porque serão vencidas as ameaças de desvario despesista que a vitória da denassidão neo-guterrista poderia representar.
Assim será finalmente consagrado como imperador das feiras aquele candidato a vice-rei da nortada que pretende aplicar na parte mais activa e minifundiária do país a receita jardinal com que a social-democracia libertou a Madeira. Assim se afastará a descrença desta direita que, se não os tivesse, teria que amargar com Portas, Guedes e Bagão.
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