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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

2.1.05

Je ne peux me résoudre à être rien (Marguerite Duras). De M. Teresa Bracinha Vieira



Parece que tempo demais se tem gasto a comentar os "acontecimentos" da urbe e de menos o não-acontecido. Ora, este último, é a época que nos interessa.

É o tempo em que uns dos outros nos fazemos irmãos em plena diversidade. É a hora grácil que responde ao silêncio opado.

Dialogar com mãos-à-obra sobre o não-acontecido, é a mais definitiva despedida de tudo o que rejeitamos.

As malas estão prontas. Já chamei o táxi e encomendei vários bilhetes para esta viagem a percorrer no preciso tempo em que já só se vive no amanhã.

E se alguém vier, nada receie e se de justificação necessitar, pois que diga como o António Variações:

a culpa é da vontade.


M. Teresa Bracinha Vieira
2.1.05