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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

31.1.05

A memória esquecida de 1640



"Devemos passar de uma concepção unipolar do Estado para uma outra multipolar, que passe por Lisboa, Barcelona, Bilbau, certamente por Sevilha, e juntos poderemos acabar de alguma forma esta península que nunca foi concluída" (palavras de Josep Carod-Rovira, o líder da Esquerda Republicana da Catalunha, com triângulo e tudo, de passagem por Lisboa, a convite da Fundação Mário Soares, no ano de 2005).

Nada de espantar pardais. Apenas protestamos contra o facto de não repararem nos meus amigos do Movimento de Libertação de Castela e de não assinalarem que em Portugal já é língua oficial uma variante do leonês, o portuguesíssemo mirandês. Também estranhamos que Rovira não tenha invocado Santiago da Galiza e o nosso enraizado sentimento mata-mouros, como continua a soprar lá para os lados do Funchal e que bem poderá incendiar Las Palmas.



Eu, português e iberista, adepto da aliança peninsular e conhecedor da soma de Aljubarrota com Toro, defendo convictamente que as muitas Espanhas da Espanha resolvam o respectivo contencioso com o Estado Espanhol sem nos incluírem no rol dos que não conseguiram fazer 1640. Porque foi a partir de então que nós, república dos portugueses, nos conformámos como comunidade política moderna e com adequado seguro de vida independente naquela pós-modernidade peninsular que bem pode portugalizar a Ibéria.

Notem apenas, irmãos ibéricos, que Portugal sempre foi mais do que este Portugal que resta. 1640 deu origem àquela América Portuguesa que, depois de ser Reino Unido, da armilar, se tornou independente da Santa Aliança sob o nome de Brasil. Mas nem por isso deixo de simpatizar com a ERC, a Convergência, a União e o Partido Nacionalista Basco. Sugiro que se faça uma tradução para catalão das obras de Francisco Velasco Gouveia e de João Pinto Ribeiro.