A Justiça em regime de queixumes...
A cerimónia de abertura do ano judicial quase pareceu uma sentença global de condenação do sistema de administração da justiça vigente. Condenou-o o Presidente da República, condenou-o o ministro da justiça, condenou-o o representante dos advogados, condenou-o o representante dos magistrados do ministério público, condenou-o o representante dos magistrados judiciais.
Não falou o povo, o mais condenado em toda esta teia de queixumes que me faz lembrar a história do velho, do rapaz e do burro, onde o menos burro de todos sempre foi o próprio burro. Não consta que tenha assistido a administradora da Caixa Geral de Depósitos e anterior ministra da justiça, um dos melhores símbolos da competência do partido de Paulo Portas, talvez porque o conceito de lealdade, nesta parte da coligação, é inversamente proporcional à convicção.
Julgo que os excelentíssimos e reverendíssimos magistrados e advogados precisam de uma excelentíssima e reverendíssima reforma. Em vez destes expedientes dilatórios discursivos, onde a culpa é sempre da outra parte, que não a do nosso sindicato, deveriam recordar a história do ovo de Colombo, porque aqui, nesta casa onde todos ralham, afinal todos têm pão.
Se calhar Portugal precisa é de alguém que saiba ser ministro da justiça para estabelecer um adequado curto-circuito a estas corporativices. De alguém que tendo autoridade, isto é, sendo autor, possa refundar esta manta de retalhos de reformismos sem Norte. Quando importava reparar que, num Estado de Direito, a lei é menos do que o direito e o direito é menos do que a justiça, a tal maltratada criatura com que quase todos confundem os aparelhos da administração da justiça.
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