Reacção de Rumsfeld ao anúncio da retirada da GNR do Iraque
Neste começo de fim de semana, quando, na minha velha biblioteca de retiro, andava à procura da primeira edição de "Le Portugal Bailloné" de Mário Soares, onde se relatam as histórias dos "tumores a extirpar", que foram suprimidas nas posteriores traduções portuguesas, redescobri uma curiosa edição checa do livro de Orwell, o "Animal Farm", que comprei num velho grémio literário do Chiado, onde, já não sei em que capítulo, se conta a história do almoço que o líder da quinta deu a único capataz do anterior regime de exploração agrícola que ainda se mantinha nela, depois do triunfo dos bichos.
Aí pode ler-se este naco de bela prosa transatlântica e luso-tropical: "ambos quisemos que este almoço fosse público. Discutimos a situação do ambiente geopolítico que rodeia a quinta . Ouvi as opiniões do velho capataz sobre as questões essenciais. Saí com a convicção reforçada de que a nossa quinta deve ser a quinta com mais sentido de Estado e mais sentido de responsabilidade; devemos valorizar uma visão estratégica do futuro da quinta e ajudar a que as instituições recuperem a sua respeitabilidade. Como sempre, foi uma conversa muito agradável e muito útil".
Já no fim do literário repasto, e depois de uma passagem pelo Largo do Carmo, futura sede da reitoria da Universidade Nuno Álvares que terá como símbolo uma velha "Chaimite", onde se incluirá um velho quadro a óleo de Marcello Caetano, sob os vidros fumados do tempo de vésperas, acrescentou: "neste início de campanha eleitoral, não podia receber melhor sinal de encorajamento do que o do velho senhor. Estou-lhe muito reconhecido por este gesto e parto com ânimo redobrado". Porque ele "deixou na quinta uma notável marca doutrinária. Creio que é, na quinta, o capataz mais estimado pelos animais livres, que conhecem e reconhecem a sua craveira intelectual e a sua clarividência nas grandes questões do Estado e na sociedade civil".
No capítulo seguinte, continuando a saga animalesca, conta-se da refeição para que foi mobilizado o leitão-pai que, apesar das divergências com o antigo capataz, acabou por reconhecer o apoio que o chefe da quinta lhe deu nessas antigas e esquecidas sagas da velha Fundação Século XXI, que acaba por cumprir o respectivo destino-manifesto, que constará das memórias que a professor do politécnico Maria Elisa está a escrever, a partir de fotocópias do arquivo Salazar, cedidas por José Freire Antunes. Aliás, não podia deixar de reconhecer o brilho governativo da genealogia leitónica no recente governo da quinta.
A reportagem integral destes almoços de campanha foi, aliás, difundida em DVD por todo o espaço do chiqueiro, em edição crítica, incluindo velhas crónicas do semanário "O Independente", com apreciações do então jovem director sobre o velho capataz, para que já foi prometido um prefácio do antigo secretário-geral da Associação de Viúvas do Professor Diogo Freitas do Amaral, agora candidato pelo Movimento Humanismo e Democracia, integrado na plataforma socrática. Nele consta a seguinte frase proferida pelo ministro da defesa do último governo socialista, em 5 de Abril de 2002: "congratulo-me por deixar abertas as portas para a realização imediata de três reformas fundamentais: a da justiça militar, a integração do subsistema de saúde militar e a aprovação de um novo sistema de ensino-formação tendo como vértice a Universidade das Forças Armadas".
Compreende-se, assim, o desespero da frase de Pedro Santana Lopes ("o CDS passou a ser a fonte de todas as virtudes"), proferida depois de o Professor José Veiga Simão recusar encontrar-se com ele na Sociedade de Geografia de Lisboa, para concorrencial repasto, vigiado pelo SIEDM, e de se perceberem as movimentações nas velhas fronteiras do Clube do Chiado, no tocante à definição de rumo do futuro ministério da defesa da era pós-pauliana, nomeadamente quanto ao regresso de D. Maria de Jesus Barroso à respectiva cruz, para que, no dia seguinte, em nome do humanismo laico, do humanismo cristão, do humanismo islâmico, do humanismo budista, do humanismo animal, etcetra e tal, um belo ramo de rosas vermelhas, oferecido pelo capataz de sempre, entretanto renomeado avaliador mor dos estragos que cometeu, comemore o regresso ao tempo em que os animais falavam. Ainda não se sabe se a cerimónia será presidida por Maria João Bustorff, Edite Estrela, Odete Santos, Joana Amaral Dias ou Teresa Caeiro.
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