a Sobre o tempo que passa: Notícias do bloqueio, depois de uma viagem no autocarro 27 da Carris

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

22.5.05

Notícias do bloqueio, depois de uma viagem no autocarro 27 da Carris



Há em Lisboa certos autocarros que atravessam a cidade aos ziguezagues, demonstrando como a distância que separa dois lugares no mapa não é propriamente uma linha recta, como poderia pensar qualquer turista incauto. Mas, de vez em quando, vale a pena usar a carreira "27", coisa que os edis em funções nunca devem ter feito, porque acabariam por concluir que, na capital, em vez de em cada esquina, um amigo, há apenas os amigos das lojas chinesas e muitos velhotes lendo o "Metro" e o "Destak". É evidente que não fiz a viagem para recordar os bons velhos laranjas, agora amarelos, que o Olof Palme impingiu ao Marocas, nem para ter saudades dos mais velhos dois andares de verde que importámos de Londres e que tinham a cor salazarista do Terreiro do Paço. Preferia tê-lo feito para dizer que, depois de décadas de esperança na integração europeia, tinha havido expansão da qualidade de vida e não para reconhecer que se continua a perder o sentido da proporção e se passou a chamar desenvolvimento ao mero caos urbanístico. Até nos emigrantes somos cada mais asiáticos e Europa de Leste e cada vez menos africanos e sul-americanos, neste casuísmo de uma gestão de recursos humanos que não olha a meios para que se atinja certa facturação. Daí que tenha lido, bem ao de leve, os jornais das parangonas.



"As televisões consagram ao futebol a abertura dos noticiários, além de centenas e centenas de horas. O fado conquista novos intérpretes. Fátima atrai multidões congestivas. As televisões, atentas e zelosas, estão aí para narrar os faustos acontecimentos. Os netos de Salazar demonstram-se como tal, sem saber que o são" (Baptista Bastos).


Governo/PS: Luís Amado indica Luís Barbosa para presidir à Cruz Vermelha / Sócrates garante a Tourino TGV e auto-estrada em 2009 / Governo anuncia nova Lei das Finanças Locais para 2007 / Ferro quer que Vitorino se candidate às presidenciais/ ANMP não quer Governo a nomear presidentes das CCDR / Governo pondera aumento de impostos, diz jornal / EUA modernizam defesa anti-míssil da classe Vasco da Gama / Jorge Sampaio muito preocupado com o problema do emprego / Zorrinho vai coordenar Estratégia de Lisboa em Portugal / Governo desdramatiza negociação das perspectivas financeiras / Governo discute arrendamento com proprietários e inquilinos / Governo altera nomeações de directores de áreas protegidas / Governo remete para as Finanças indemnizações de agentes / Portugal mantém postos de responsabilidade na UNOTIL / Défice português destacado na imprensa espanhola /Sócrates queria Edite Estrela candidata à liderança do DNMS/ Não haverá portagens na Via Infante, garante Jorge Coelho / Campos e Cunha pode deixar Ministério das Finanças / PS quer que comissão conclua revisão constitucional em três reuniões / Mário Soares apela ao «sim» dos franceses no referendo / Apoiantes de Narciso Miranda promovem jantar de apoio/ Fertuzinhos: Lista adversária é «candidatura do aparelho» / Governo substitui presidentes da AdP e EPAL / Partidos questionam António Costa sobre segurança e fogos / Madeira: TC detecta irregularidades no apoio a autarquias / Governo fixa regime de indemnizações por morte de agentes / Défice: Procedimento da CE não surpreende Governo.



Nunca houve tantos discursos em economês e tão má micro-economia, onde a ilusão do regresso ao cavaquismo não passa de "dopping". Como se Cavaco fosse mais do que um mero irmão-inimigo de Constâncio, onde os diagnósticos dos percentos se confundem e as receitas de comprimidos de choque se identificam. Porque apenas varia a gestão da percepção, a política de imagem, dado que a marca Cavaco, mais longuilínea, tem o sabor dos bons alunos e dos bons velhos tempos. Sempre foram os factores intangíveis da pretensa confiança e da ilusão salvacionista que elevaram certos tecnocratas à dimensão salvífica do chamado prestígio que transformou uma ditadura militar numa ditadura das finanças, pondo gesso na perna partida, mas obrigando-nos a dezenas de anos de talas, mesmo depois do membro curado. Porque apesar de um mais um serem dois em qualquer aritmética, sempre há alguns que nos dão a ilusão de poder repetir-se o milagre da multiplicação dos clones de pão, alterando a ciência exacta da adição e da subtracção que é vivermos com aquilo que temos.

"A política em Portugal no plano local e no plano nacional precisa muito disto: qualidade, seriedade e competência. A política em Portugal está farta de oportunismo e compadrio" (Marques Mendes)


PSD: Duarte Lima recusa avançar com Marques Mendes / Direcção nacional não faz queixa de Isaltino Morais / Marques Mendes dedica sábado à apresentação de candidatos / Miguel Macedo presente em jantar do PSD/Braga / Azevedo Soares não comenta afirmações de Isaltino / Distritais do PSD reticentes em apoiar Cavaco a Belém / Mário Soares apela ao «sim» dos franceses no referendo / Marques Mendes recusa comentar acusações de Isaltino Morais / Mendes: blogue de Pacheco é exercício de cidadania saudável / Isaltino acusa Marques Mendes de colocar «amigos» no poder / Rio pede a Sócrates solução para Túnel de Ceuta / Combate ao défice pode afectar competividade, diz Cavaco / Energia: Barreto quer esclarecer na AR licenças para centrais / Marques Guedes: decisão de Pacheco Pereira é «acto de cidadania» / Pacheco apela ao «não» no referendo ao tratado europeu / PSD/Porto: substituto de Valentim será segunda escolha / Direcção do PSD veta candidaturas de Isaltino e Valentim.





"A autoridade do Estado é questionável. A fiscalidade é relativamente ineficiente. A corrupção é muita. A impunidade geral é relevante. A justiça é morosa ou ausente. A Constituição é circunstancialmente revista, de acordo com necessidades da conjuntura. Os grupos de interesses e os corpos profissionais têm mais poder do que o Estado" (António Barreto)


PCP: PCP quer saber mais sobre negócios do Ministério da Defesa/ PCP quer revogação das taxas moderadoras na saúde/ PCP quer referendo sobre a regionalização até 2009/ Jerónimo de Sousa acusa PS de dramatizar défice/ Bernardino Soares critica PS na área da saúde / PCP realiza jornadas parlamentares em Santiago do Cacém/ PCP dedica jornadas parlamentares à saúde e à economia/ PCP quer saber ligações do GES à execução da LPM. // CDS: CDS: Conselho Nacional votará acordo com PSD e directas / Ribeiro e Castro escreveu a Sócrates a pedir o valor do défice / Louçã acusa PSD e CDS de «promiscuidade» com privados / CDS-PP é o partido português com mais mulheres filiadas.// BE: BE interrogou MNE sobre trabalhadores discriminados em França.


A maior parte dos viajantes do autocarro "27 " da Carris não parece pertencer às classes A e B, que são interactivos nos blogues, nunca leram nada sobre o projecto de tratado constitucional europeu, jamais reflectiram sobre José Gil ou Manuel Maria Carrilho e, depois de trinta anos de assanhadas disputas político-filosóficas sobre a distância que separa a social-democracia de Isaltino de Morais do socialismo democrático de Jorge Coelho, também não entendem porque é que o primeiro se acusa a si mesmo, quando denuncia Mendes, por "colocar os amigos no aparelho de Estado", dado ser "o político que mais pressões políticas exerceu nos últimos trinta anos". Filosofia por filosofia, prefiro o subsolo filosófico de mestre Ricoeur, porque ainda sou galicista do reflexionismo, mesmo sem recorrer aos pretensos filhos de algo que se assumem hoje como os intermediários personalistas da Livraria Moraes, porque até tenho saudades de um António Alçada na sua plenitude e ainda anteontem me emocionei com um belo poema do Pedro Tamen, apelando aos oceanos da procura. A Teresa Vieira lançou os "Escritos sobre a Pele" e ainda conserva as tranças do Maria Teresa Ribeiro da Silva, dos tempos da Capela do Rato. Começo, na verdade, a sentir-me um velho teimoso, dado que não me apetece ir a Oxford ou a Georgetown e desligo a televisão quando tenho que ser sentenciado pelos copiadores do Eduardo Prado Coelho que já foram do PP. Continuo a preferir os mestres e colegas da Babilónia do Sena, de onde vêm, por transpiração de séculos, as nascentes do Tejo e do Mondego, esses rios que passam na minha aldeia.