a Sobre o tempo que passa: Épreciso Portugal

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

4.7.05

Épreciso Portugal

É preciso semear Portugal
dentro de cada português,
ter sinais atlânticos
que nos libertem
dos fantasmas do presente.
São precisos raios de sol,
réstias de sonho, laivos de fogo

Liberdade é sermos livres,
das tormentas ancestrais
e, sem medo de ter medo
navegar por navegar.


Quebrámos as espadas
no areal de Alcácer
e a desfeita nos vergou
pelos séculos dos séculos.


Coragem agora tem de ser
não esquecermos a derrota
e dobrando algemas de medo
incendiarmos a esperança
das sombras deste degredo.
Recriarmos a pátria prometida
na terra que nos tem cativos
Para que o pós-guerra não seja
essa hipócrita paz fingida
dequem espera mais batalhas.