a Sobre o tempo que passa: Somos ainda quem fomos

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

1.7.05

Somos ainda quem fomos


Somos a Europa mais perto
de todos os continentes,
os mais ocidentais do ocidente.
Somos a praia da Europa
aberta ao mar e ao vento.

Fomos o princípio
do caminho marítimo
para o sonho de um novo mundo,
fomos a primeira partida
para todas as sete partidas
e o último regresso de além mar.

Somos ainda quem fomos
e na raiz do mais além
continuamos a procurar
o mistério de império
que não foi nem há-de ser.
(quinto império que Deus tem
que outro nome pode haver?)

Somos o centro da rosa dos ventos,
abstracto porto de passagem
para todos os caminhos do mundo.
Somos ainda quem fomos,
bandeirantes, caminhantes
do sonho de Portugal.