Carmonas, carrilhos, momos e sarilhos
Imagem picada em quem gosta de nós
Com a Grande Lisboa liberta da cinza e encarapuçada pelo excesso de ozono, as férias são o pretexto para vermos os ensaios de cartazes dos grandes candidatos autárquicos, onde o melhor da criatividade vai para os que puseram muitos autocolantes do "votem em mim", misturados com a carantona do "Emplastro". Carmonas e Carrilhos rimam com momos e sarilhos, com concelhias e distritais das grandes máquinas de empregos e subsídios dos grandes partidos de que os mesmos são representantes. A Zézinha mostram a firmeza dos óculos e o decisionismo dos verdes, enquanto Sá Fernandes, o candidato que continuo a apoiar, parece ter perdido o impulso estético, metido nas teias profissionalizantes de um partido institucional.
Imagem picada em quem gosta de nós
Vale-nos a emoldurada laca de Teresa Zambujo, tentando resistir ao impacto da memória de Isaltino, enquanto todos perguntam quem é o Emanuel do PS, protegido pela sombra do ministro Lino. Em Sintra, o meu amigo Seara, mais conhecido pelo carequinha do Benfica, enfrenta o descolorido de um Soares, João, em tempo de Soares, Mário, coisa que nem o Coelho estimula, apesar do coordenador autárquico do PS estar entusiasmado com a sua nova casita Beloura, que preferiu ao Jardim dos Arcos, e donde, certamente pode confirmar as maravilhas gestionárias do vereador Duque, dado que o Raposo da Amadora chama um figo à candidatura do PSD, com muita pronúncia do Norte.
Imagem picada em quem gosta de nós
Julgo que o povão, em banhos e fogos, percebe que, nas autárquicas desta área metropolitana, há meandros mais sistémicos que na grande pulhítica, dado que a democracia, ainda presa ao código administrativo de Marcelo Caetano, continua a proibir-lhe a cidadania de proximidade. Vender autarcas como se fossem telemóveis da penúltima geração, sem a hipóteses da transparência que marca o mensalão, é tão conversa do restaurante Tia Matilde, quanto as campanhas para a reeleição de Luís Filipe Vieira, Dias da Cunha ou Pinto da Costa. Se já não há patos bravos de antigamente, outros são os esquemas de um sistema, onde emergem comerciantes de grosso trato, entre brinquedos, brincadeiras, parques de estacionamento, lombas, inaugurações de catedrais e outras eminências pardas da consultadoria, com avião particular, cartão de crédito e festas numa discoteca algarvia.
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Ninguém os toma e todos querem fiado, incluindo experimentados homens de tomar partido. O Manel e o Jorge, que foram a banhos sem nos deixarem informação sobre os tachos que lhe foram oferecidos em empresas municipais por pretensos independentes, para quem os partidos são meros sítios de imagem, sondagem e sacanagem, podem enganar-se e ser enganados, mas mereciam bem mais do que as mortíferas bocas de quem pensa que basta fingir que se arregaçam as mangas.
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