Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...
• Bicadas recentes
Estes "breves aforismos conspiradores, sofridos neste exílio interno, lá para os lados de São Julião da Ericeira, de costas para a Corte e com os sonhos postos no Atlântico..." começaram a ser editados em Setembro de 2004, retomando o blogue "Pela Santa Liberdade", nascido em Maio de 2003, por quem sempre se assumiu como "um tradicionalista que detesta os reaccionários", e que "para ser de direita, tem de assumir-se como um radical do centro. Um liberal liberdadeiro deve ser libertacionista para servir a justiça. Tal como um nacionalista que assuma a armilar tem de ser mais universalista do que soberanista". Passam, depois, a assumir-se como "Postais conspiradores, emitidos da praia da Junqueira, no antigo município de Belém, de que foi presidente da câmara Alexandre Herculano, ainda de costas para a Corte e com os sonhos postos no Atlântico, nesta varanda voltada para o Tejo". Como dizia mestre Herculano, ao definir o essencial de um liberal: "Há uma cousa em que supponho que ate os meus mais entranhaveis inimigos me fazem justiça; e é que não costumo calar nem attenuar as proprias opiniões onde e quando, por dever moral ou juridico, tenho de manifestá-las"......
Este portal é pago pela minha bolsa privada e visa apenas ajudar os meus aluno. Não tive, nem pedi, qualquer ajuda à subsidiocracia europeia ou estatal
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Leituras de férias IV. Dos poetas que não sinto ao elogio da frustração
Ouvi os sábios todos discutir Podia a todos refutar a rir. Mas preferi, bebendo na ampla sombra, Indefinidamente só ouvir
(Fernando Pessoa, em 3 de Outubro de 1935)
De nada vale ler livros de poemas que não sinto, não porque sejam poemas sem sentido, mas porque a estética que os embebe e reproduz nos afasta de senti-los em segredo.
Através do conhecer-me inteiramente conheço inteiramente a humanidade toda (Fernando Pessoa, Livro do Desassossego)
De nada vale tentar ouvir uma qualquer música que me leve ao sonho que me apetece, quando ela foi composta para outros sonhos.
Quem sabe escrever é o que sabe ver os seus sonhos nitidamente
(Fernando Pessoa, Livro do Desassossego)
Vale mais sentir o sol chegar, sorver o fogo deste dia que vai nascendo.
Sonho-me a mim próprio e de mim escolho o que é sonhável, compondo-me e recompomdo-me de todas as maneiras até estar perante o que exijo do que sou e não sou (Fernando Pessoa, Livro do Desassossego) Depois de morto, um qualquer autor que tenha recebido a consagração como génio, corre o risco de lhe vasculharem a papelada, misturando o publicável com os destroços sobre os quais foi esboçando a respectiva obra. A vantagem de quem não é dessa estirpe consiste em não ficar com arcas cheias de papéis por escrever, de todos os dias poder dispersar-se e ficar sempre por cumprir.
A realidade verdadeira de um objecto é apenas parte dele; o resto é o pesado tributo que ele paga à matéria em troca de existir no espaço
(Fernando Pessoa, Livro do Desassossego) Quase todos continuam a admirar os grandes teóricos da frustração, pelo que o único espaço de sonho que nos resta fica afinal nos que conseguem não ceder às delícias do situacionismo, aos meandros dos pequenos poderes e a esta tradicional eficácia dos que, graças ao Orçamento de Estado, conseguem comandar contínuos e outros empregados em certos postos de vencimento, isto é, os que vivem a cumprir os despachos de um qualquer mandador que os acasos da burocracia transformaram em comandantes operacionais do cinzentismo, típico dos aparelhos de poder sem sentido de missão.
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