Contra o situacionismo, votar, votar!
Apesar de algumas insistências, não será desta que tomarei posição quanto à intervenção de Manuel Alegre na corrida para o arranque das presidenciais, onde quase todos os que até agora se assumiram vivem dos mesmos "slogans" antifascistas, socialistas, laicos e de uma ética republicana cheia de complexos de esquerda, quase iguais à outra face da moeda do mesmo rotativismo, desse sebastiânico candidato da não-esquerda, o tal que já foi da esquerda moderna, social-democrata e bernsteiniano, nada liberal, que, com idêntico pensamento único, ameaça levar de vencida os slogans "expressos" pelos entediantes debates televisivos, onde é o poder estabelecido que define o que é a esquerda e o que é a direita, nesse bailado dos prós e contras do eterno situacionismo, que até põe ministros de Salazar a apoiarem os ministros presentes do mesmo antigamente.
A presente fuga populista, bairrista, fragmentária ou ultra-caciqueira da presente campanha autárquica é uma espécie de mola amortecedora que nos dá a ilusão de podermos manter a presente tirania do "status quo", onde até os os "opinion makers" sistémicos se assumem como uma espécie de grandes educadores das presentes classes mediacráticas. Basta lermos o recente livro de Isaltino, em versão de zanga de compadres para a descoberta das verdades.
Por outras palavras, se os isaltinos, valentins, fátimas, avelinos e quejandos vencerem, enchendo o "contenente" de ternas imitações de Alberto João, eles serão as bolhas de oxigénio que ainda darão alguns sinais de vida à esclerose típica da matura-idade mal agilizada que marca os meandros do presente sistema político da chamada III República, onde nem sequer reparamos que Sócrates é o Primeiro-Ministro da única maioria absoluta de esquerda que até hoje tivemos.
Neste enredo, cada vez mais romance de cordel, entre autárquicas e presidenciais, mesmo a chegada de Alegre pode levar a que Soares dê um golpe de rins e batendo o seu pèzinho ao ritmo do samba trate de roubar o discurso de Cavaco Silva, assumindo-se, não como o representante do "povo de esquerda", mas antes como o representante do "povo nacional", onde a maioria dos votantes não se assume como desta esquerda ou desta direita.
Por mim, que sempre fui de direita e sempre fui do contra, sou tanto da direita a que chegámos que até estou disponível para votar num candidato de esquerda, dado que nunca passarei um cheque em branco ao pai autêntico deste cavaquismo que nos enreda e destes restos salazarentos que me fazem repudiar o presente situacionismo, onde Sócrates é, cada vez mais, uma mera bissectriz de um paralelograma de forças.
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