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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

31.1.06

Hoje é o dia do grande trinta e um...



Hoje é o dia do grande trinta e um. Não o da abolição da escravatura nos USA, em 1865. Não o de 1580, quando morreu o cardeal-rei e ex-inquisidor, o senhor D. Henrique. Não também o de 1891, porque apesar de monárquico luto em espírito pela autenticidade dos Sampaio Bruno e dos Basílio Teles. Até tenho na minha escola, na sala do Conselho Científico, uma bandeira nacional queimada, que estava no posto 31 de Janeiro no Norte de Angola, em 1961, quando alguns elementos vindos do exterior, e subsidiados pelo dito anticolonialismo norte-americano, ainda pensavam fazer do território uma espécie de "remake" de 1898. Prefiro o patriotismo dos revolucionários de 1891. E dos resistentes de Naulila.


Reparo como os Habsburgos, se quisessem, hoje, voltar a comprar Portugal, bastava-lhes gerir os sucessivos níveis de dependência neofeudal, onde concentricamente nos fizeram submergir de forma transversal, entre o politicamente correcto do bloqueio central e o culturalmente correcto do vira-o-disco-e-toca-o mesmo. Basta passar, de vez em quando, os olhos pelos arquivos da RTP-Memória para assistirmos ao ridículo desta decadência, dado que há dez ou vinte anos ouvimos a mesma música celestial de um gnosticismo, que nos tem conduzido ao sucessivas derrotas. Quando apenas urge que chegue o necessário indisciplinador colectivo que nos liberte das teias deste situacionismo mental, repetindo o gesto de Colombo face ao ovo, antes de haver gripe das aves.



Os neofilipinos, que nem sequer sabem que é o respectivo Filipe, agindo pelo combustível da vontade estranha, continuam a recorrer ao velho prontuário das diabolizações inquisitoriais-pidescas, ou prequianas, exigindo que participemos numa procissão de pretensas santas alianças que procuram aceder às novas cortes dos habituais falsos príncipes deste reino que já não há. E os equilibristas do tal sistema, dito situação, nem sequer reparam que são os eternos parasitas de uma decadência pós-revolucionária que apenas serve aperitivos para o tal devorismo, servido nos mesmos salões dos continuados donos do poder, onde os ziquinhas que são primos dos têzinhos, por acaso casados com a sobrinha dos chamorros, andam sempre à procura do apoio aos novos feitores da quinta.

Felizmente que Mr. Bill Gaitas aterrará para ensinar a nossa classe governante a dar o salto tecnológico. Não tenho dinheiro para ir à aula. E nem sequer fui convidado. Não sei nada de metodologia.