a Sobre o tempo que passa: Titanics, Carmona, Sá Carneiro e Jaime Gama

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

15.4.06

Titanics, Carmona, Sá Carneiro e Jaime Gama

Sábado de aleluia, 15 de Abril, data de algumas efemérides, desde o nascimento de Leonardo da Vinci (1452) ao naufrágio do Titanic (1912), mas onde também há que assinalar a remoção da autonomia dos militares no regime salazarento, quando é demitido o ministro da guerra, Luís Alberto Oliveira, quando desafiou o primado do poder do Presidente do Conselho, com o apoio do Presidente Óscar Carmona (1934). Já em 1972, nesta data, saía uma entrevista, concedida por Francisco Sá Carneiro ao, então, jovem jornalista Jaime Gama, onde o primeiro recusava o qualificativo de democrata-cristão e se assumia como social-democrata.

O actual Presidente da Assembleia da República haveria de ser histórico de um partido fundado no ano seguinte, o PS, dito socialista-democrático, mas ainda marxista, criado à sombra da Internacional Socialista (dos sociais-democratas) e do SPD. O segundo fundaria um partido social-democrata, invocando o programa pós-marxista do SPD, mas nunca reconhecido pela Internacional Socialista. O primeiro não se candidatou à líder do pós-soarismo. O segundo tem como herdeiro Marques Mendes. Embora Cavaco Silva esteja em Belém e o antigo militante da JSD, José Sócrates, seja o homem do leme da governança.