Governo à turca, plutocracia, militarismo, teocracia, ou de como nascem os talassas dos brandos costumes
D. Carlos nunca contentou os partidos. Utilizava-se deles, mas desprezava-os. Entendia-se com os chefes políticos. Aos outros tratava-os comos lacaios (João Chagas).
O mesmo rei salientava que estamos diante duma fogueira que desejamos apagar, e não se apaga o fogo lançando-lhe lenha (23 de Maio).
Quase desde a morte de Sampaio que o governo político em Portugal se foi fazendo, com pequenas intermitências, cada vez mais despótico; e daí o seu abatimento e o predomínio em breve, seguidamente, da plutocracia, do militarismo e da teocracia... A obra política do actual governo foi uma obra profundamente reaccionária. Ela atacou e feriu todas as liberdades públicas. Daí, outra vez, como de 94 a 97, por falta de apoio na opinião, a submissão do poder civil ao despotismo plutocrata e militarista (Bernardino Machado).
Diário Ilustrado transcreve, em 16 de Novembro desse ano de 1907, declarações do jornalista Joseph Galtier, publicadas em Le Temps, onde, depois de entrevistar D. Carlos (dia 11), refere que João Franco só permanece no poder por vontade do rei. Salienta também que o presidente do conselho era detestado pela rainha-mãe e pelo príncipe real. O rei declara: era necessário que a confusão – o “gâchis”, não há outro termo – acabasse. Aquilo não podia durar. Íamos não sei para onde. Foi então que dei a João Franco os meios de governar. Fala-se da sua ditadura, mas os partidos, os que mais gritam, tinham-me também pedido a ditadura...Precisava de uma vontade sem fraqueza para conduzir as minhas ideias a bom caminho. Franco foi o homem que eu desejava. De há muito que o tinha em vista. No momento oportuno, chamei-o.
Isto termina fatalmente por um crime ou por uma revolução (Júlio de Vilhena, em Agosto de 1907)
Mensagem da colónia do Brasil de apoio a João Franco começa com a expressão Talassa! Talassa! (24 de Novembro). Estava então a ser preparada uma viagem da família real ao Brasil, organizada pelo nosso ministro Camelo Lampreia, avô de um futuro ministro brasileiro das relações exteriores.
Por estes dias, o ministro deste governo, Mário Lino, confessa-se iberista. Coisa que não incomodaria, se o acordo federativo não fosse feito entre Lisboa e Madrid, mas também com Barcelona, Bilbau e outras capitais de nações sem Estado. Mas o ministro é obras públicas e ex-comunista e ainda pensa que está a escrever para um blogue. Viva a Europa! A guerra civil de Espanha já acabou.
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