Oliveira Martins, revolta radical de 1913 e Salazar no poder
Dia 27 de Abril de 1913, quando, em pleno governo de Afonso Costa, se desencadeia uma revolta dita radical, o primeiro golpe organizado por republicanos contra um governo republicano. Os líderes militares são presos, juntamente com Álvaro Soares Andrea, João Cerejo, Fausto Guedes e Mário Monteiro. Alguns dos detidos são antigos apoiantes e organizadores das manifestações de rua dos democráticos. Na sequência do golpe acabam suspensos os jornais O Dia, A Nação, O Intransigente, O Socialista e O Sindicalista. O jornal O Mundo logo culpa os monárquicos do sucedido, embora logo seja encerrada a Casa Sindical pela terceira vez. Se Brito Camacho chama bandidos aos revoltosos. Machado Santos logo responde, dizendo que os deputados devem as carteiras a muitos dos agora detidos.
Dia 27 de Abril de 1928: Salazar, com 39 anos, toma posse como ministro das finanças do governo de Vicente de Freitas, iniciado no anterior dia 18. Iniciava-se a ditadura das finanças que vai virar do avesso a ditadura militar dita nacional: Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses. No mais, que o país estude, represente, reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar.
Como então observa Fernando Pessoa: ele estabeleceu imediatamente o seu prestígio quando tomou posse, através de um discurso que é tão diferente dos discursos políticos habituais que o país aderiu a ele de imediato. E o público é incompetente para apreciar uma coisa tão profundamente técnica como as suas reformas financeiras. Ao fim e ao cabo, o prestígio é sempre não-técnico. Como, depois, anota Luís Cabral de Moncada: Salazar foi mais do que um homem; foi um verdadeiro fenómeno europeu; ou, se quisermos, por fim, um conceito político, susceptível de se converter mais tarde no suporte de um autêntico mito.
Infelizmente, ontem, sem postalizar, que tive muitas aulas até às tantas e fui à SIC comentar o não-discurso de Cavaco do dia 25, não assinalei que, no ano de 1955, terminava a Conferência de Bandung, que, em 1711, nascia David Hume e que em 1916 suicidava-se em Paris Mário de Sá Carneiro. Porque, do acidente de Chernobyl todos falaram abundantemente. Estranho que não tenha sido entrevistado sobre a matéria o conhecido velejador e refinador de petróleo Patrick Monteiro de Barros, para nos explicar o que faria com os resíduos da central nuclear que pretende construir, dado que os mesmos durarão séculos e não me parece conveniente que se instalem na sua baía de Cascais ou no mar da Palha.
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