a Sobre o tempo que passa: O descanso dos guerreiros

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

3.11.06

O descanso dos guerreiros


Nada de novo debaixo deste ausente sol de Novembro, quando o recém-reeleito Lula foi para Salvador preguiçar, na base naval de Aratu, onde ficou a saber que os Sem Terra vão para a luta em Abril, com ocupações e greve geral e que o desastre da GOL se deveu a erro humano dos controladores aéreos. Por cá, é alegria de dragões, águias e bracarenses nesta jornada europeia, todos com três ou mais de três na baliza do adversário. Menos alegres devem estar os BES, digerindo Portucale e esta coisa do Baltazar Garzón que não usa apito dourado. Valeu-nos que o debate sobre a matéria, a nível da televisão, ganhou ontem o ritmo dos pastéis de nata, com a magistrada Maria José Morgado a emparceirar com o capitão Roby e uma deputada do PS loira, cujo nome não fixei.

Noutro canal, era o Alberto João com uma folha cheia de números a prometer ajudar o restante Portugal, mas só daqui a dois anos, enquanto o Teixeira dos Santos, assumindo-se como patrão dos funcionários públicos, lá ia dizendo que temos de pagar mais para a ADSE, e a Maria Rodrigues nos explicava como é que devíamos ser professores excelentes, porque ia haver quotas para os ditos.

Fechei o aparelho e mudei para a RTP Memória, onde um antigo ministro de Salazar dizia há vinte anos o que dizia agora e o que já dizia há quarenta, nesse habitual exercício de música celestial de um dos nossos heterónimos, onde só faltava o deputado do Bloco de Esquerda, consultor da Fundação Mário Soares, por acaso sobrinho de um ministro de Salazar, a dar ao mesmo Estado Novo a respeitabilidade da estórias de família.

É por isso que subscrevo o seguinte: Depois do concurso sobre o Português de todos os tempos ter acabado com a vitória esmagadora de Adamastor - quem diria que o povo tinha tamanha sabedoria... estamos envolvidos na votação para as 7 Maravilhas do Mundo. Seguem-se novos concursos igualmente interessantes: Qual o pior boato que se pode lançar sobre alguém? Qual o centro do Serviço Nacional de Saúde que gostaria de extinguir? Que imposto gostaria de criar? Que crime gostaria de despenalizar ou que prática gostaria de penalizar? Quem trabalha para que Serviço de Segurança Secreto? Como sempre a criatividade não tem limites e o povo agradece.