a Sobre o tempo que passa: Instaurar a república, para restaurar o reino e sonhar o V Império

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

24.12.06

Instaurar a república, para restaurar o reino e sonhar o V Império

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Bom Natal neste Solstício, à esquerda e à direita, na cidade e nas serras, na terra, no mar e no ar, para católicos e maçons. Para católicos que não são maçons e para maçons que não são católicos, para que a religião não seja maçonaria e para que a maçonaria não seja religião, para que a direita e a esquerda sejam direitas e esquerdas, para que as cidades não sejam capitaleiras e as aldeias, vilas e lugares se não desertifiquem. Para que no princípio volte a ser o verbo e mais um deus seja o deus menino.




Sobretudo para que, depois de lerem este extracto de um "logos" maior, não me venham alguns irracionais, que se dizem ortodoxos, mesmo do centro, em nome do dogma e do falso catecismo das vulgatas, considerá-lo uma heresia, só porque embrulham a tolerância com o antiquado verniz do inquisitorialismo sebenteiro e caceteiro. Porque até os monárquicos têm que ser republicanos, dado que, para vivermos em melhor regime, onde as nações têm de ser semente do Estado de Direito universal, só poderemos restaurar o reino e sonhar com o Quinto Império do poder dos sem poder, se antes instaurarmos a república, se antes recuperarmos a autenticidade dos sucessivos círculos instauradores da
polis.



Primeiro, a dignidade da pessoa humana e, consequentemente, a moral, a ciência da autonomia, que guia os actos do homem como indivíduo.

Em segundo lugar, a autonomia da casa e da ciência dos actos do homem enquanto membro de uma "oikos", a economia.



Só depois vem a "polis", quando saímos dos sucessivos espaços imperfeitos da sociabilidade que nos podem dar as ordens normativas da moral, da religião, dos costumes e da economia, entrando na cidadania da democracia, onde, para além da racionalidade técnica do bem estar e da segurança, acedemos, através de uma conversão interior, à racionalidade ética, que sempre foi sintetizada no valor justiça.

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E tudo isto num tempo em que passámos de urbe para orbe e a polis já pode assumir-se como cosmopolis. Com os pés na terra dos homens de boa vontade, mas olhando as estrelas do deus menino e de outros deus maiores e menores. Com paz na terra e paz pelo direito.