Entre disputas sobre os sapatos do defunto e diatribes sobre o lugar do morto
Julgo que seria útil convidá-lo para um urgente debate sobre a estratégia nacional portuguesa, coisa que poderia ser desencadeada pelo parlamento, se nenhum deputado cá das berças provinciais ousar quebrar o politicamente correcto do silêncio sobre a matéria. Até sugeria que o grupo de comunicação social presidido por Pina Moura, ex-camarada de Saramago, assumisse a dianteira de lançamento da questão na opinião pública. Continuarmos a tratar da questão aberta como um "fait divers" é ofendermos o Prémio Nobel e esquecermos que mesmo na segunda metade do século XIX isso aqueceu os ânimos parlamentares. Até António Enes chegou a escrever um opúsculo em defesa dos "Estados Unidos da Europa", para nos livrarmos de Madrid.
A matéria é mais importante do que a movimentação dos santanistas e dos barrosistas sobre os sapatos do defunto ou as diatribes antiportistas sobre o lugar do morto. Todos sabemos a causa que levou Saramago a não assumir a ofensiva de federação republicana ibérica, à Francisco Pi y Margall. A maioria dos republicanos convictos do lado de cá não quer ser "provintia", de "pro" mais "vincere". Voltaram a 1140 e sabem que Aljubarrota mais Toro é igual a zero, como proclamava José de Almada Negreiros.
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