a Sobre o tempo que passa: O devoto bulhetim de boto

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

15.7.07

O devoto bulhetim de boto



Depois da azáfama campanheira, os alfacinhas foram à urna em tempo de couve de Bruxelas. Mostraram cartão de eleitor, cartão de identidade e deram-lhe o boletim pró folhetim da pescada, do antes de o ser já o ser, de acordo com as sondagens. Abriram o dito cujo, o tal que acima se reproduz, pegaram na esferógrafica, foram para trás do conglomerado de madeira, tipo tabopan, e procuraram sua excelência o seu candidato, de acordo com a lei processual vigente.
Procuraram a Roseta, sem berros e sorridente, com colete de acidente de viação, mas poucos sabiam que ela estava atrás do dois romano. Tentaram encontrar o Zé que faria falta, ou o Ribeiro Teles, monárquico e tudo, mas viram-nos disfarçados de esquerda revolucionária, já que agora os monárquicos são fadistas e os semimonárquicos ecologistas têm um trevo e foram todos trabalhar para as hortas saloias, em dia de não sol.
Do Ginjas só uma andorinha preocupada com os dejectos dos cavalos da GNR, enquanto o Negrão vota em Setúbal para aqui estar disfarçado de Marques Mendes, que hoje não vota, porque o presidente de Caxias continua a ser o Isaltino e o major não intercalou.
Só o bisneto do general da ditadura é que tinha o nome dele impresso antes do um romano. Porque o Telmo estava escondido no Popular e o Costa debaixo de um punho sem direito a rosa, tal como os comunistas de sempre, os da festa do Avante, continuavam com os verdes que são melancias. Já o barco do Garcia Pereira estava na frente ribeirinha, disfarçado de comunista, enquanto a direita do Júdice e da Maria José Nogueira Pinto estava toda salgada e salganhada, metendo água do Tejo no túnel da Baixa-Chiado que foi abalroado pela pororoca do estado a que chegámos.
Mais bonito era o "design" do STAPE/CNE, esse antiquado símbolo das colunas de uma "domus municipalis" que aqui não há, assim se demonstrando como tudo está envelhecido e carcomido pela inércia do não reformismo. Não digo em quem pus um risco. Porque tentei apenas uma cruzinha com a qual acabei riscar os que mais nos incomodam.
Não vale a pena esperar pelos resultados. São os que constam de todas as sondagens. Salve-se quem puder... nomear mais assessores.