a Sobre o tempo que passa: Afinal a primeira imprensa a ler e a divulgar foi a "on line". No "Notícias Lusófonas" de ontem

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

22.8.07

Afinal a primeira imprensa a ler e a divulgar foi a "on line". No "Notícias Lusófonas" de ontem


Cultura provoca náuseasaos «donos» de Portugal - 21-Aug-2007 - 12:37

183 megabytes do Centro de Estudos do Pensamento Político, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, atirados ao lixo Portugal ocupa os lugares cimeiros da cultura e da investigação universitária quer a nível europeu como, e porque não dizê-lo, a nível mundial. Dúvidas? Então leiam o que se segue. 183 megabytes do Centro de Estudos do Pensamento Político, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas de Portugal mandados para o lixo. Culpado? Provavelmente o primo do cunhado do tio do avô da senhora da limpeza. Quando no centenário de um dos poetas mais populares portugueses, Miguel Torga, o Ministério da Cultura – presumimos que seja assim que se chame e se é que existe – pautou para ausência oficial a nível de chefias; Quando uma Universidade a quem são oferecidas duas obras – dois ensaios – não os aceita previamente sem antes analisarem à lupa (dixit) as referidas obras; … É porque se nada em cultura em Portugal.

No caso da rejeição das duas obras, recorde-se que são consideradas de consulta obrigatória na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, e na Universidade Lusíada, na mesma cidade. Na Universidade Técnica de Lisboa (UTL), existe um Instituto, o Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) onde uma das suas principais vertentes lectivas, e como o nome sugere, está no estudo das Ciências Sociais (Ciências Políticas e Relações Internacionais).

Um dos suportes que os futuros licenciados, Mestres ou Doutores desta duas áreas era o Centro de Estudos do Pensamento Político (CEPP), sendo um dos seus principais dinamizadores e ex-director o professor José Adelino Maltez, agrupado, mais tarde, como portal no ISCSP. O CEPP era, ultimamente, um portal onde se podia aceder a cerca de 12 000 (doze mil) ficheiros da Ciência Política portuguesa e universal com uma área de 183 Megabytes. Um enorme ficheiro que a cultura e o ensino muito agradeciam.

Mas como a cultura é um bem de luxo – daí se compreende que em certos aspectos e em certos produtos se pague IVA dos mais altos – e como em Portugal não abundo o dinheiro, uma “personalidade” (provavelmente o primo do cunhado do tio do avô da senhora da limpeza) decidiu que este enorme tijolo que pesaria sobra as incautas e (in)cultas cabeças portuguesas – e que estrangeiros, inopinadamente e sem quaisquer custos, também tinham a mania de aceder – além de poder prejudicar, seriamente, os futuros utilizadores da UTL/ISCSP obrigando-os a pagar insuportáveis propinas (aquelas que já são das maiores da Europa, a nível de Universidades públicas), decidiu, escrevíamos, acabar com o CEPP e limpar dos acessos do ISCSP. 183 Mb deletados e mandados para o lixo como se de um antigo e inapropriado jornal ou livrinho de cordel se tratasse; 183 Mb daquilo que Pacheco pereira considerou como “...o excelente "site" sobre o pensamento político contemporâneo existente em Portugal”.

Se Portugal soubesse o que é cultura – há quem diga que já o soube até porque tem uma das universidades, a de Coimbra, mais antigas do Mundo – e se houvesse um ministro ou um Ministério que tutelasse a Cultura ou o Ensino Superior capazmente, de certeza que em vez de limparem o portal tê-lo-iam transferido para uma qualquer fundação. Não é isso que um tal Ministério do Ensino Superior propôs às universidades públicas portuguesas? A pagar, gratuito, restrito, pois fosse assim. Mas ninguém ficaria prejudicado. Mas não! À moda do Portugal que entre um génio sem cunha e um néscio com ela, escolhe…