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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

20.8.07

Quando os antigos lacaios do passado situacionismo se reconvertem, pela calada da sacristia, nos manobradores mentais do novo polvo


Pensava eu que ainda teria mais uns dias longe da rotina das indecisões dos burocratas preenchedores dos longos alçapões dos conceitos indeterminados e das cláusulas gerais, esses portadores de novos sinais de neo-riquismo que ocuparam este vazio de justiça que marca o pronto-a-vestir do nosso querido Estado de Direito pós-autoritário e pós-revolucionário, onde não há autoridade e nem todos comem. Mas, de um momento para o outro, lá tive que aturar as consequências manipuladoras das chamadas reformas estruturais, alinhavadas pelos disponíveis que nos ficaram da falência do planeamentismo, esses que ainda mantêm as sebentas dos frustrados apontamentos de burocracia de ciência, educação e cultura, onde vão semeando crisálidas de colectivismo adocicado pelos oportunismos carreirísticos.


Esses que não se apercebem que a principal riqueza de Portugal sempre esteve na autonomia criativa do português à solta, livre das teias do feudalismo, da cavalariça e das sacristias, desse homem revoltado e construtor de novos mundos que ainda não conseguiu que tanto a constituição material como as constituições escritas consagrassem o necessário articulado do direito à felicidade, típico dos sonhadores activos que vão fundando novos reinos na respectiva procura do paraíso.


Infelizmente, as agências de recrutamento e de comunicação das classes dominantes, entre filhos de algo, antigos detentores de colonia, sobrinhos de inquisidores e masturbadores de vaidades e invejas, preferem os cinzentões lacaios desta federação de capitaleiros castíferos, à procura de avença e de vitalício posto de vencimento, com muitas prateleiras de fichas estalinistas, para gáudio de espiões desempregados, com "hackerzinhos" de trazer por casa, e imensos sinais de desvio de subsídios e prebendas da mão morta.


O culto das pequenas personalizações de poder de cunho bairrístico e endogâmico, ou de falso carisma regionalista, bem como a crescente cedência às caricaturas de pretensos príncipes neomaquiavélicos são directamente proporcionais às sucessivas ilusões populistas. Apenas servem para que se reforce a presente ditadura da incompetência, de um situacionismo que continua a poder manipular os sucessivos inimigos a quem convém dar palco.


O que resta desta federação de notáveis, entre o poder banco-burocrático, as mordomias e o caciqueirismo, pode não ser suficiente para fazer aguentar este crepúsculo dos bonzos do Bloco Central que vai enredando o regime. Seria melhor que os últimos bem-pensantes que restam contabilizassem a eventual inutilidade dessas ilusórias procuras do neopopulismo, pretensamente pós-moderno.


Nestas terras de Espanha com praias de Portugal, a bela infanta não pode confundir a nuvem com a barcaça que faz comícios no Porto Santo, onde um antigo professor convidado da Universidade Independente, lutando contra o pretenso deboche e a pretensa gamela, apresenta à pátria estival, como herói, um ilustre ex-ministro cavaqueiro que, depois de gerir a transportadora aérea nacional, se transformou no grande gestor da Universidade Moderna, após as reitoríadas golfeiras de João de Deus Pinheiro.


O vírus madeirense, mesmo com nomes de colonia, acontece sempre quando o caldo de cultura da crise moral nos entorpece. E tanto pode afectar a máquina central, regional ou local do Estado, como alguns dos seus segmentos de micro-autoritarismo pós-totalitário, onde os antigos lacaios do passado deboche se reconvertem, pela calada das benções de sacristia, nos manobradores da nova gamela, recrutando agentes pidescos e estalinistas, para a manutenção das vaidades, onde a servidão voluntária da maioria sociológica dos cobardes vai lavando as mãos como Pilatos, enquanto apenas internam, nos campos de concentração e nos hospitais psiquiátricos, os diferentes, isto é, os que vivem como pensam sem pensarem como vivem. Não serão estes criados e criaturas que assegurarão a continuidade do Portugal à solta...
PS: Por mais que me peçam não direi o nome das bestiais bestas...