Isto de escrever em linguagem que é metalinguagem, não detectável pelos que precisam de interpretadores policiescos de códigos filosofantes, quase implica que eu peça desculpa aos ilustres leitores por não vos indicar com quem ontem fui jantar, qual a cor da cadeira onde vou teclando, ou se fui à missa à catedral ou a uma capelinha perto de Motael. Para evitar alguns subentendidos que me podem colocar na categoria de mentiroso, sou assim obrigado a publicar, na íntegra, um documento que, em 23 de Setembro, enviei a quem enviei e que foi interpretado da maneira como foi interpretado por quem, se tivesse a coragem de sair do anonimato, deveria ser especialista em interpretação de textos e que agora barafusta, dizendo ter sido enganado (apenas sublinho o que tenho de sublinhar) :
Meu caro J...
Pedindo-lhe para não polemizarmos publicamente, agradeço-lhe as referências, mesmo as críticas, sobretudo, as farpas que pegam fundo. Confesso que é uma honra. Não polemizo, por enquanto, embora apetecesse. Porque precisava de um bocadinho de tempo e como estou em vésperas de ir para um breve exílio no outro lado do mundo, outras são as vacinas a que tenho de submeter-me. Tenho consulta do viajante daqui a uns minutos.
Julgo que se lembra da minha presença no Tribunal de Alcobaça em defesa do A... E se percorrer os textos que blogueei, sobre a matéria, por essa época, eles correspondem à posição última. Julgo que a primeira vez me cruzei com o P... foi num supermercado, em compras, depois de ele sair da cadeia. E conversámos, com ele a agradecer as posições que tinha tomado e manifestado pessoalmente à A..., minha querida e antiga aluna, e publicamente, no meu blogue.
De resto, as minhas coincidências de pertença institucional com o ex-ministro e actual deputado têm a ver com a República Portuguesa e mais nada. Pelo menos, que eu saiba. Mas como não faço parte das secretas organizações que tudo dizem saber, prefiro saber que nada sei.
As suas outras insinuações sobre a minha coincidência de pertenças, com os grupos e as concepções do mundo e da vida de Kant, constituem uma honra para mim. E qualquer observador pode reparar que elas até são uma das minhas bandeiras de luta, permanecentes, sem qualquer tipo de secretismo. Acresce que, em todas as organizações a que pertenço, há um lugar na Internet e em todas elas colaboro publicamente com o nome de baptismo e sem pseudónimo. A única que ninguém repara é a minha pertença directiva ao movimento cívico "Intervenção Radical", com o Eurico de Figueiredo e o Carlos Antunes, entre outra meia dúzia de resistentes.
Quando tiver tempo, terei todo o gosto em polemizar consigo. Nas próximas semanas, estou mobilizado pelo Oriente, de onde vem a luz... do sol. Espero que me deixem ir para Timor, ensinar na Kant, na Faculdade de Direito...
Com as melhores saudações bem orientais...
José Adelino Maltez
Por outras palavras, ilustre anónimo, sou defensor de uma alínea deontológica entre magistrados que obrigue os mesmos a não serem anónimos blogueadores, usando instrumentos a que só acedem por dever de ofício. Daí manter na íntegra, que:
(1) não faço parte das secretas organizações que tudo dizem saber
(2) tenho coincidência de pertenças, com os grupos e as concepções do mundo e da vida de Kant
(3) essas pertenças são uma honra para mim
(4) e são também uma das minhas bandeiras de luta, permanecentes, sem qualquer tipo de secretismo.
Aliás, basta clicar nos nomes a quem me atribuem irmandade e que escrevem publicamente nos jornais, para todos verificarem que tanto com eles costumo polemizar, como também os tenho afrontado, bem directa e frontalmente. Não tenho culpa, absolutamente nenhuma, de, por cá, os pretensos tories não entenderem que um whig tanto pode ser girondin, como detestar neopides e jacobinos, gostar de ir à tromba ao Sebastião José e ao Pina Manique, estar disponível para desembarcar no Mindelo e ainda poder ir para a Maria da Fonte e para a Patuleia, para que, desta, se expulsem os Cabrais que vieram do Clube dos Camilos. Não costumo invocar o nome liberal em vão. Para bom entendedor, azul e branco basta.
PS: Um semanário pôs, na sua primeira página, uma frase que disseram minha, mas onde eu apenas citava uma frase da autoria de Manuel Alegre sobre o actual situacionismo. Isto é, não plagiava. Mas como se esqueceram do verdadeiro autor e apenas a espreitaram nas bancas, logo uns "comments" de corajosos anónimos me bafejaram: quem é este iluminado vindo das tumbas? ao que outro obscuro e anónimo logo respondeu que por causa da frase se tratava de uma voz anterior a mil novecentos e setenta e quatro... ! Eu nasci em mil novecentos e cinco e um e o autor da tríade denunciadora acho que era da rádio portugal livre...
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