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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

30.6.09

Depois de Gago não foi o dilúvio, foi a continuidade da "operation chaos"


A Cristina Montalvão Sarmento veio ontem entregar-me o livro dela. Uma tese de doutoramento que vem de meados da década de noventa e que foi defendida na Universidade Nova de Lisboa. Honra-me com um pequeno prefácio, como homenagem ao meu papel de orientador. Fiquei feliz por ela e pela escola que a acolheu. Continuo infeliz com a escola que a rejeitou, mas não irei hoje dissertar sobre isso, porque teria de lembrar-me de outro meu aluno do mestrado e de quem também fui orientador das dissertações de mestrado e doutoramento, o Luís Sá.


Também foi rejeitado numa votação formal. A maior parte dos doutos seleccionadores do "não" continuam oficiais seleccionadores magnos da mesma entidade, dona desta estratégia de derrota institucional. Até um deles, ministerial e tudo, no gaguismo antigago, terá dito um dia que não há nenhuma ciência política ou do direito. São actividades humanas nobres, que podem ser estudadas com rigor, mas esse estudo, tal como o da história ou o da literatura, não constitui uma ciência. E talvez nunca venha a constituir.

Expresso-o no prefácio deste livro, poderão encontrar o registo do autor neste blogue. É alto hierarca dos meus patrões. Já o vi indiciado para ministro do governo maneleiro, como o confirma a subida ao etéreo de outros emplastros. Não passa de mais um dos suicidários representantes do conceito durkheimiano de cientista, paragáudio de todos os professores pardais deste mundo que pretendem transformar Portugal num cemitério de insubstituíveis candidatos à colonização de alienígenas emissões de reformas pedagógicas do directório das potências que nos transformam em cobaias.

Por mim, apenas quero continuar a resistir e ajudar a sementeira da revolta contra as alternâncias do mais do mesmo. O gaguismo, nos seus frutos, apenas produziu como consequência a desinstitucionalização da universidade e jogos de poder onde o pior dos antigagueiros se manteve, adornado com Granadeiro e Teixeira Pinto, elevados a símbolos da Universidade Clássica de Lisboa, Balsemão, da Nova, e gentes de gerações ainda mais fora do tempo, em sítios que agora não nomeio. Depois de Gago não foi o dilúvio, foi a continuidade da "operation chaos". Parabéns à Colibri pela coragem da edição. Lá estarei no dia 9 de Julho, 21 horas, para o lançamento do livro, na tertúlia do CNC.