O regime de presidencialismo de primeiro-ministro que agora se encena
Portas deve sentir-se tentado a curtocircuitar o cavaquismo, com ou sem Cavaco, mas Sócrates apenas deve querer comprar um orçamento "zapatero". Os prazos são curtos em demasia, porque o líder do PS, há tempos, ainda poderia leiloar o anterior lugar de Jaime Gama. Seria uma boa saída tanto para Portas como para Manuela Ferreira Leite, face ao abandono precoce de Alegre...
Lá ouvi os "dez mandamentos" do caderno de encargos de Portas. Tivemos mais uma peça de um complexo teatro de Estado, cujo guião ainda está em processamento compromissório, com proibição de palavras como coligação ou acordo parlamentar. Porque o género consenso tem muitas espécies de balança de poderes, com os inevitáveis travões e aceleradores da arte do tecelão...
Harmonia é concórdia dos cânones discordantes e até pode produzir sinfonia. Nem é necessário retomar a memória do segundo governo de Mário Soares, o do FMI, que apenas tinha ministros de Freitas do Amaral, a título individual. Hoje a música é outra, mas a vontade de poder o mesmo de justificar o nome dos meios em nome de celestiais fins.
Portas não tem autarcas nem sindicalistas. Mas tem palavra. Usou-a. E bem. Cercou o PSD ao centro, sem sobremesa "vichyssoise". E pôs Cavaco a ter que utilizar todas as técnicas de "poker" em que foi e será mestre. A procissão ainda não saiu do adro do Pátio dos Bichos. Está em São Bento, no átrio oculto dos passos perdidos.
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