Registo do meu comentário no DN de sexta-feira
Com o Parlamento fragmentado por coligações negativas e positivas, que votam e desbotam, procurando pôr remendos no que devia ser um "ordenamento", aberto para cima, para os valores, e aberto para baixo, para a sociedade, atingiu-se, no primeiro debate quinzenal do novo governo velho, uma encruzilhada de verbosidade, bem reveladora daquilo que em linguagem estratégica costuma qualificar-se como "out of control".
Quando a palavra se gasta pelo uso e começa a prostituir-se pelo abuso do insulto, acumula-se aquela quantidade de energia gasta pelas mudanças que fica para sempre na zona do desperdício, a tal entropia que já vai além do habitual parlamentarês e ministerialês que já não corresponde ao processo de institucionalização dos conflitos da democracia pluralista.
Esta caricatura da política de "imagem, sondagem e sacanagem" embacia-nos a compreensão do todo.
Porque, apesar de haver uma espécie de buraco negro de inércia, detectável na I Série do Diário da República, declara-se, em malhamento, que há tortura, espionagem política, coscuvilhice, suspeitas, senão mesmo totalitarismo!
Uma retórica de mau-gosto, com muitos textos sem contexto, que exagera nos movimentos gestuais, sem ensimesmamento nem maturidade, onde, na prática, todas as teorias passam a ser outra coisa, mas sem natureza da coisas, porque, por dentro delas, as coisas já realmente não são.
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