a Sobre o tempo que passa: Ana (1966-2010). Minha querida mulher, que foi um pedaço de eternidade!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

22.2.10

Ana (1966-2010). Minha querida mulher, que foi um pedaço de eternidade!


Minha Kida! Devolvo-te, através destas mãos permanecentes, palavras que já não são para mim, mas de todos quantos amam, em eternidade:

"...

Ouvi dizer um dia que o amor deve ser fácil. Como um colchão fofo coberto com um edredão de penas brancas em que me afundo quando tenho frio. Como as tuas mãos quentes que me tapam as orelhas para me protegerem do barulho do mundo.

Somos ambos muito velhos e encho-me de ternura quando olhas para mim e me dizes "Estás linda". Digo-te que podes comer todos os bombons da caixa porque hoje é um dia especial e todos os dias são especiais. Contigo todos os dias são de sol, mesmo que esteja a chorar por dentro. Tu, que consegues fazer cessar a batalha que travo contra mim, tirando-me o mal, és o arquivista da minha alma

..."