a Sobre o tempo que passa: Sermão de Santo António aos peixes que querem ir para o aquário de Belém...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

30.3.10

Sermão de Santo António aos peixes que querem ir para o aquário de Belém...


Há quem julgue que só existe aquilo que pode medir-se, segundo o cientificismo mental que pensa deter o monopólio do rigor, mas que, de tanto planeamentismo, não conseguiu prever a presente crise e nos amarrou às trombas dos principais elefantes brancos que nos escravizam em dívidas...

Portugal, se tem de submeter-se para sobreviver, não pode deixar de lutar para continuar a viver como comunitariamente se pensa. Só ousados engenheiros de sonhos nos podem mobilizar em saudades de futuro...

Só a flexibilidade das naus nos pode dar o pragmatismo e a aventura de uma visão do paraíso, aqui e agora, neste mundo e no nosso tempo, onde sempre é possível a redescoberta do transcendente situado...

Os poetas e profetas são mais verdadeiros do que os pretensos criadores de cenários políticos. E os falsos futurólogos do planeamentismo construtivista dos processos histórico, económico ou financeiros...

Se os parcos factores de poder que ainda restam à liberdade nacional e à vontade de sermos independentes não receberem o sopro de um pensamento com entusiasmo e de um entusiasmo com pensamento, poderemos reeleger recandidatos, mas não seremos passado presente com capacidade para pilotarmos o futuro, sem medo de ter medo...