a Sobre o tempo que passa: Portugal, porque sei que não vou por aí!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

10.6.10

Portugal, porque sei que não vou por aí!


Camaradas...!
Eh, camaradas...! ouvi,
Que vou dizer-vos quem sois,
Pois vou dizer-vos quem sou."

Eu sou o esboço de Alguém
Que esteve quase a nascer,
Mas não nasceu.

José Régio, sobre quem somos, sendo, cada um de nós, um outro Portugal.

Porque, nos dias de hoje, Portugal é aprisionado pelos discursos da razão de Estado que pensam poder confundir-se com o povo, a república ou a comunidade, só porque julgam possuir o monopólio do conceito de superiores interesses da nação.

Engenheirando palavras de laboratório de citações desenraizadas até se dão ao gáudio de premiar com comendas os que mais se conformam com a normalização decretada pelo rolo unidimensionalizador do situacionismo.

Eu, que sempre preferi a revolta à revolução, aprendi, com a vida, que pensar é dizer não aos aparelhos do pensamento dominante e patrioticamente me insurjo contra as venerandas figuras que se visionam idolatricamente como a pátria em figura humana...

Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
...

Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
- Sei que não vou por aí!