Aos grandes homens do momento. Por Teresa Vieira
Ó grandes homens do momento
ó grandes glórias a ferver
de quem a obscuridade foge
aproveitem sem pensamento
tratem da fama e do comer
que amanhã é dos loucos de hoje.
V. Frates
A espontaneidade criadora, a libertação dos indivíduos e o ser-se a isso sensível e explicitá-lo, deveria ser a grande razão de entrada no novo ano de 2011.
De um modo ou de outro a vida tem-nos dito o quanto vivermos os sonhos é já agir sobre a interdisciplinariedade das realidades que nos cercam. Afinal o futuro é sempre o resultado de um movimento na assunção das renovadas revoluções humanas.
Gostava de “aconselhar” a que se revejam as irrupções catárticas sobretudo as que já se expuseram nas lutas por novas formas de organização do poder, pois que é de uma excessiva simplificação e de uma profunda falta de interpretação, meter tudo no mesmo saco e com ele festejar ou rejeitar a entrada no novo ano.
Muitos dos nossos pensamentos foram bem mais do que achegas por parte de quem rejeita a coexistência de cano e decana do impróprio viver de quem se não defenestra dos cargos de mando.
Reflicta-se ainda que, se entendida, a poesia está sempre em lugar algum o que impede o carreirismo de se infiltrar, pois que ela reside num estilo de vida ou na incessante procura desse estilo.
Há muito que a poesia nasceu e fixou residência no universal; no que se expande; no por excelência da perspicácia; no seio quente da alma; na legitimidade assimétrica dos ângulos do sentir.
Assim sendo, em nosso entender, o buraco negro deste mundo, tornado cratera e facilmente tapado pelos seguidores dos processos (nem sequer originais) baseados no princípio da avestruz e assentes na imprópria equação do que se não fala e se não vê, não existe e por essa razão demos vivas à burocracia burocrática entupida de infinidades, assim sendo, dizia, há que fazer falhar as energias de uma “civilização”, da qual, por surpresa, algum ente menos electodomesticado possa afirmar que Portugal anda a emigrar como um ormigueiro assustado.
É evidente que habitamos um mundo porventura excessivamente dependente nas toxicodependências das concordâncias, mas um poeta pode ser muito poeta e pode ser pragmático o que o leva a rejeitar construir uma sociedade diferente tendo por base o bolor da anterior.
Como dizia Valete (?) o amanhã é dos loucos de hoje.
Se assim é, procuremos o fim do tal mar da banheira de cada um, ou encarregue-se cada ser de dar resposta ao que faria, se o que faz fosse fazer um feito, usando o fito de forjar através de um fórceps a formatação do futuro.
M. Teresa B. Vieira
28.12.10
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