a Sobre o tempo que passa: Correio. Por Teresa Vieira

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

3.2.11

Correio. Por Teresa Vieira





Por certo a chegada da primavera
Germinava já em nós e pronta a eclodir
As mãos dessedentadas frente ao ainda sol de inverno
Desenvolviam passos de dança sincopados junto ao rosto
Os deuses de dezembro começavam a sentir um inóspito ambiente
E deixavam-se sonolentos e intuídos por sob os cobertores
Recomeçara a curiosidade operante e subsidiária
Aos fundos de outras cores
Sobremaneira a sonância de ouro era já outra direcção
Coisa jamais vista uma vez mais
E escrevo-te outra carta
Definitivamente
não imune.


É bom poder mostrar (…) e acreditar segundo a própria proporção.
BARTHES






3.02.11


Sec. XXI