a Sobre o tempo que passa: Uma coisa deve ser sempre um livro : um pássaro que volta. Por Teresa Vieira

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

11.2.11

Uma coisa deve ser sempre um livro : um pássaro que volta. Por Teresa Vieira




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O professor que me voltou a fazer publicamente uma dedicatória de “à minha irmã”: começou a falar e a agradecer à editora e ao M.C.
E quase de repente a luz ganhou cor. Pois devo dizer-lhe Escritor Adelino Maltez que se o seu discurso não foi gravado pois deveria ter sido e com ele publicaria outro livro.
Não me recordo do momento em que as suas palavras fossem mais certeiras. A pátria das pátrias, a dor das dores, os antiquíssimos sinais da humanidade, o alerta do poeta ter casa de peculiar entendimento, enfim a alegria do abraço armilar, tudo no seu discurso fluiu como um cais de partida: e um livro que é livro, deve-se conter e não tentar ser mais do que o âmago do grande cais de partida para a vida, dure ela o tempo que durar. Seja ela a dimensão do quintal na própria varanda de cada um. Uma coisa deve ser sempre um livro : um pássaro que volta.
E o Escritor Adelino Maltez até conhece o voo desse pássaro.
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Eis o que diria se acaso me tocasse apresentar o seu livro como esteve quase para acontecer tal como o professor disse e bem.
E seria o meu continuar da apresentação do seu último livro, pois como referiu também, e por silêncios e palavras: um poeta não deixa outro poeta sem as novidades do além como se o tempo por elas não fosse asa.

 Teresa Vieira