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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

16.11.04

Ainda nos toca algo do mar morto. Recebido de Alibábá



E ao que parece decorre a semana do mar.

Pois então tomemos todos banho e beijemos os peixinhos a saltar como pulgas, enquanto os meninos e as meninas estão a correr e ai Jesus que lá vou eu fazer compras para o Estado com nomeação governamental directa e assinada nos devidos termos pelos governantes que fazem chorar a rir certos comentadores que em certa hora aderiram a um programa de fel salpicado de mel porque os tachos e as panelas podem não durar sempre…daí que só o riso escancarado tenha sido em si o acto de maior coragem.

Mas como somos bonzinhos e dialogantes, aqui deixamos a nossa sugestão para o alargamento da ZEE para 350 milhas, então é assim:

Convocados os manuais para o efeito verificámos que o Estado pode adquirir os seus bens por:

COMPRA (a quanto será o m3 da água da Zona e a custos do mar alto?)

PERMUTA OU TROCA (que água dos outros nos tocará? A que já não tem cherne? Ou um mero barril de petróleo também pode ser objecto deste contrato? Ainda que um pouco áugádo?)

USUCAPIÃO (e lá vamos todos sentarmo-nos em cima do mar por uns anos e teremos de ser muitos para chegarmos até aos Açores e Madeira e de asas abertas avocarmos as restantes milhas, de preferência sem apanharmos resfriados ainda que vestidos de escafandros para que se mergulhe antes que os navios-patrulha nos apanhem)

SUCESSÃO LEGAL OU TESTAMENTÁRIA (para os que contam incluir nas negociações os sapatos de defunto)

PROCESSO DE EXECUÇÃO FISCAL (aproveitando os xipes dos novos bilhetes de identidade a as revelações das contas bancárias de cada tostão poupado e executando sempre os mesmos que tudo suportam já que o perdão das dívidas só se estende às Nações Unidas e afins, para que elas não se separem da união de facto em que vivem e nos englobem no agregado familiar dos países ricos do Norte )

EXPROPRIAÇÃO (resulta sempre qualquer que seja a ideologia em vigor e a bem do mundo todo e das resoluções da ONU dotadas de coactividade ternurenta)

NACIONALIZAÇÃO (como a Fénix que se levanta das cinzas do que nunca foi nosso - nem as cinzas - mas que a Constituição sempre pode dar de anca que depois privatiza-se ou reprivatiza-se as ditas águas para piscina privada dos governantes, cada um no seu forte à beira-mar plantado)

Caso nenhuma destas venha a ser a forma de fermento que fará acrescer a nossa ZEE, pois expliquem-nos se fazem o obséquio, antes que a semana do mar acabe sem que a gente saiba como se conseguiu tamanho alargamento territorial do país e, que com esta desenvoltura de decisão ainda nos toca algo do mar morto, ou, do mar vivo mas sem água onde ainda assim se afoga a plataforma continental de qualquer lugarejo como o nosso, desde que adejado em hora que os portugueses acreditem que, quem sabe se não poderão fazer a pé todo o percurso daqui até às ilhas e delas à Europa toda sem molhar o pé na água da tal Zona.

É a isto que se chama andar na zona? Alguém me disse que esta palavra era feia, ainda que tenha dias de ser económica e outros de ser exclusiva aos que por lá impunemente pululam.

Alibábá, 16 de Novembro de 2004