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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

22.11.04

Dar voz à Guiné! A terra para os filhos da terra!



No passado sábado, passei a tarde num colóquio promovido pela associação guineense A Bolanha. Não vou, evidentemente, repetir aqui o que por lá discursei sobre o problema da democracia em África, dado que quero reservar este espaço a uma mensagem que recebi do interior da Guiné, de alguém, cujo nome vou omitir, mas que só foi recebida hoje:

Não é facil regressar à terra natal que é assolada por permanentes crises políticas e militares mas devemos regressar e ocupar os lugar chave e influenciar o rumo do destino da nossa terra. Se os formados, os que têm formoção e outra visão do mundo, da coisa pública, do bem comum nao regressarem, quem governará esta terra? Se não houver reciclagem da classe política e dirigente, seja lá em que partido político for, como poderemos nos queixar deixar depois? Se os nossos irmãos e pais e tios e primos vivem na Guiné, qual a razão para os que foram estudar no estrangeiro nao puderem viver nas mesmas condições que eles? Serão feitos de outra matérias, de matéria superior a daqueles que ficam? Dos pais, por exemplo? É necessário o regresso de quadros para preencher as vagas tanto nas intituições do Estado como nos organismos internacionais e ONGs, que estão a ser ocupados por estrangeiros da sub-região, principalmente por senegaleses.



Enquanto os guineenses dizem não ter condições para trabalhar na Guiné, os libaneses prosperam e aumentam a sua comunidade a cada dia que passa, dominam o negócios de material de construção, peças de automóvel e negócios a grosso, os mauritanianos dominam o mercado farmacêutico, 99% das farmácias pertencem a mauritanianos, liberianos, nigerianos e outros refugiados dominam o negócio da bebida por grosso; a nossa classe política não é adequada para as mudanças que devem ser introduzidas, todos estão de uma forma ou outra queimados, com rabo de palha, revelam falta de coerência e de vergonha (por exemplo, como é possível um candidato a primeiro-ministro nao ganhar um voto sequer na sua tabanca ter o descaramentro de se apresentar a eleições presidenciais?)



De qualquer maneira é de registar que têm regressado quadros a Bissau, principalmente de Portugal e todos estão empregados, naturalmente uns melhores do que outros, mas é assim a vida, a cada um o seu destino. Contudo, são necessários mais para exercermos mais pressão e ocuparmos lugares chave tanto nos partidos políticos como em postos chaves de gestão de um Estado para alterarmos o estado de governação e introduzirmos alterações irreversíveis na forma de fazer as coisas.




Diga aos colegas que temos um terra fértil e rica que precisa de ser trabalhada pelos filhos da terra para os filhos da terra. O lucro ganho pelos estrangeiros da sub-região vai para a terra deles. O Estado nao consegue controlar toda a fuga. Está a tentar agora mas existem muitas fugas e vai demorar até conseguir tapar todos os buracos deixados por anos desleixo e desgovernação.



Mas o mais importante, Professor, é que nos não temos nenhum desígnio nacional, estamos a lutar para quê? Não temos referências actuais, por isso todos os políticos sejam lá de que partido forem apelam e citam Amílcar Cabral. As nossas referências e exemplos nacionais são de violência, a heróica luta de libertação nacional e o hino tambem é belicoso. Continuamos presos aos antigos combatentes, todos os partidos políticos em campanha ou em lazer preocupam-se mais em falar dos antigos combatentes do que em apresentarem propostas coerentes para resolver a situação deste peso na governação.

Por isso precisamos de designios de referências e grandes planos supra-partidários.