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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

6.12.04

Que o Manuelinho vença!



Para os devidos efeitos, se declara que, quando no dia 4 escrevemos: os governos de Portugal não podem ser dominados pelos feitores dos ricos e pelos "ministros dos reino por vontade estranha". Quero que o Manuelinho vença, através de eleições, que defenestremos, sem violência, os agentes filipinos, para que se tente cumprir, finalmente, o sonho da Maria da Fonte e da Patuleia, estávamos, naturalmente, a repetir uma tese com barbas brancas, querendo glosar Manuel Alegre.

Por isso, transcrevemos a CARTA DO MANUELINHO DE ÉVORA A MIGUEL DE VASCONCELOS, MINISTRO DO REINO POR VONTADE ESTRANHA

Tiraste-me o direito à vida mas eu vivo
mandaste-me prender mas eu sou livre
que não pode morrer, não pode ser cativo
quem pela Pátria morre e só por ela vive.

Mandaste-me prender e preso não me prendes
tu ministro do reino por vontade estranha
tu que tudo vendeste e só não vendes
quem luta por seu povo e não por Espanha.

Vi os campos florir mas não ouvi
raparigas cantando em nossa eiras
nossos frutos eu vi levar e vi
na minha Pátria as garras estrangeiras.

Quem pode retê-lo?
Quem sabe a causa que sem cessar peleja?
E cavalga cavalga.

Sei apenas que às vezes estremecemos:
é quando irrompe de repente à flor do ser
e nos deixa nas mãos
uma espada e uma rosa.