a Sobre o tempo que passa: <span style="font-family:georgia;color:red;">Boaventura Sousa Santos</span>

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

5.12.04

Boaventura Sousa Santos

Despertado por João Miranda, li algures que não vale a pena criticar soldados quando temos à mão um general. Na luta, há que apontar à cabeça. Li e não gostei. Não sou soldado de Boaventura. Não o elegi general. Talvez esteja no outro lado da barricada do paradigma do mestre coimbrão. Também não faço parte da confraria de citações de escola, tanto do criticado como do inquisidor. Mas reconheço-o como general de mérito que tem o dever de nos dizer o que sonha. Não transformemos este país num quintal de comadres e compadres de acordo com a péssima tradição de certos verbeteiros que sempre gostaram de registar intimidades fora do contexto. As sociologias não merecem descer ao nível dos tablóides. Com toda a solidariedade, caro Professor e adversário. Mantenha a cabeça e o coração!