Contra o sistema fechado desta democratura
Nessa mesma entrevista, também me assumia como alguém disposto a afrontar o actual sistema fechado desta democratura, para regenerarmos o regime, queremos acabar com o actual sistema de castas da partidocracia e, se nos derem uma oportunidade, faremos a diferença, distinta deste rotativismo do "mais do mesmo".
Mais dizia não querer ficar entalado entre a direita a que chegámos e a esquerda que aí vem, num qualquer estático rigorosamente ao centro, mas antes, através de um dinâmico centro excêntrico, que, na actual situação portuguesa, se coloca mais à direita.
Fazer com que se deixe de ter a amargura deste teatro de má revista, onde se pavoneiam uma direita que convém à esquerda e uma esquerda fabricada e subsidiada pela direita dos interesses. Com efeito, os verdadeiros donos do poder em Portugal continuam a estar invisíveis, gerindo, a partir dos bastidores, a teia de um centrão que até já integra a própria extrema-esquerda.
E acrescentava: advogo a técnica clássica do dividir para unificar, desde que assente numa autonomia municipal liberta do caciquismo e da partidocracia, daqueles que entendem a regionalização como uma forma de regerem, fabricando mapas conforme as respectivas influências eleitorais e continuando um sistema que apenas descentraliza a centralização, criando pequenas capitais locais e molusculares Cortes de feudais servidores.
Concluía: exigindo a diminuição para metade dos lugares políticos electivos e governamentais, um novo sistema de combate à corrupção e ao clientelismo, a criação de um eficaz sistema de controlo global dos concursos públicos, a remessa para o Ministério Público de todas as inspecções administrativas que costumam ficar nas gavetas ministeriais, um adequado registo moral de interesses, um frontal combate à desertificação e ao desordenamento do território e a defesa intransigente de uma luta contra a centralização, nomeadamente pela regionalização vinda de baixo para cima e pela mudança da sede de alguns órgãos de soberania.
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