A teoria das eleições, segundo o padre António Vieira
Em nenhuma coisa se vê tanto o acerto da eleição, como naquilo que, acertado uma vez, não pode ter mudança, ou errado uma vez, não pode ter emenda. É a eleição de que depende tudo e uma parte; que encerra em si o todo, e por isso a melhor parte: Optimam partem elegit.
Padre António Vieira, Sermão nas exéquias de D. Maria de Ataíde (1649)
Conforme pode ler-se no jornal Público: De todo o país, em várias camionetas, chegaram apoiantes que apenas desembolsaram cinco euros para entrar. Muitos, notava-se à vista desarmada, com as marcas do chamado Portugal profundo. Um deles, contudo, parece ter outro ídolo: de bandeira em punho, abeira-se de um grupo de jornalistas e de responsáveis partidários para "saber onde está o Castelo Branco". Genuinamente, tentou indagar mais e não escondeu a sua desilusão por não poder falar com o "Conde da Quinta".
Primeiramente digo que o ser caso não impede ser eleição. No mesmo texto o temos. Onde a Vulgata lê: Optimam partem elegit: Escolheu a melhor parte — o original grego tem: Optimam sortem elegit: escolheu a melhor sorte. — Sorte é caso, e contudo chama o texto eleição: elegit — porque não implica ser a mesma coisa caso e ser eleição. Mas há respostas que são mais fáceis de provar que de entender. Como pode ser eleição o que é caso? Ponhamos a questão em termos mais cristãos. O que vulgarmente chamamos caso e providência: providência nenhuma outra coisa é que aquela disposição ordenada dos decretos divinos. Como pode logo ser eleição nossa o que é disposição de Deus? Respondo que por virtude da conformidade.
Já no Diário de Notícias se acrescenta: A música esteve a cargo de alguns ranchos folclóricos e à festa apenas faltou a presença de Cinha Jardim e Paula Coelho, concorrentes do concurso televisivo Quinta das Celebridades e que prometem dar uma mãozinha a Paulo Portas ao longo de toda a campanha eleitoral.
Todas as vezes que nos conformamos com as ordens de Deus, fazemos que a eleição, que é sua, seja também nossa. Neste sentido dizia Davi: Mandata tua elegi (Sl 118, 173); Senhor, eu elegi os vossos preceitos. — Nos preceitos elege quem manda, e não quem obedece: David obedecia, Deus mandava; logo, a eleição era de Deus. Pois se a eleição era de Deus, como diz David que é sua: Mandata tua elegi? Porque David, obedecendo, conformava-se com a vontade de Deus, e, por virtude da conformidade, a que era eleição de Deus era também eleição de David.
Por seu lado, no Correio da Manhã pode ler-se: Morais Sarmento, ministro da Presidência, negou ter ido passar férias a São Tomé e Príncipe. O governante considera exagerado falar-se em férias, quando o que terá acontecido foi um dia sem programa oficial, no sábado.“É inaceitável que um ministro em gestão aproveite um protocolo de entrega de material, em segunda mão, para gozar férias numa estância de luxo”, comentou José Junqueiro do PS , em reacção ao caso de Morais Sarmento.A deslocação do ministro de Estado e da Presidência, Morais Sarmento, e respectiva comitiva, a S. Tomé e Príncipe num avião ‘Falcon’ fretado a uma empresa privada, que está desde às 04h30 de sexta-feira até às 21h00 de hoje no país à espera da delegação, pode ter custado ao erário público português entre 80 a 100 mil euros.
Só poderá cuidar alguém que eleger por conformidade será algum imperfeito modo de eleição. Digo e acabo que mais perfeito modo de eleição é eleger por conformidade que eleger por deliberação, porque, quando elegemos por deliberação, queremos pela vontade própria: quando elegemos por conformidade, queremos pela vontade divina. Quando eu elejo, faço a minha vontade: quando me conformo, faço minha a vontade de Deus.
Vale ao poder estabelecido a judiciosa esperança do respectivo delegado: É tradicional uma queda de quem tem maior vantagem, e uma subida, por experiência feita, de Santana e Portas, que têm uma dinâmica de campanha quase inesgotável. Interessante será, também, acompanhar o ritmo de euforia que rodeia o Bloco de Esquerda, cujo aumento de votos só pode vir do PS, e essa deverá ser uma preocupação dos socialistas.
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