O lado certo da história e os revolucionários do século XXI
Estivemos "do lado certo da história", mas agora estamos a voltar-lhe as costas... e, ainda por cima, as mãos do soldado não acertam nas do Primeiro, nosso Santana, então em descampanha. Como se a história tivesse lados, linhas, processos, a não ser para marxistas e providencialistas. Daí ser compreensível, nesta marxização da direita, o que um tal Pires Compal de Lima declarou, também hoje, sobre o CDS, de que é cabeça de lista no Porto: «nós somos os verdadeiros revolucionários do século XXI, mas revolucionários cordatos, serenos». Vale-nos que Portas, depois das últimas noites em São Julião da Barra, comentando a questão iraquiana, terá dito: "para o defender é preciso ter fortaleza no início, no meio e no fim".
O mesmo Portas terá dito que Louçã não tem legitimidade para falar em combatentes, tal como Louçã disse de Portas que este não pode falar no aborto porque nunca gerou uma vida. De idêntica forma, eis que o CDS da Madeira diz que a esquerda não pode criticar os padres nem sequer incluí-los como candidatos a deputados. Ou como Nobre Guedes, também do CDS, terá dito que Sócrates não tem direito a entrar na cidade de Coimbra. Talvez para responder a Louçã quando disse que Bagão não tinha legitimidade para falar em fascismo e neofascismo.
Por este andar, antes de alguém poder dizer alguma coisa, no plano das crenças políticas, tem que fazer um requerimento ao CDS ou ao Bloco de Esquerda. Primeiro, para lhes solicitar se tem, ou não, legitimidade para dizer o que lhe apetece. Segundo, para lhes requerer um devido certificado de "nihil obstat". Por outras palavras, entre o dogmatismo confessional permanecente, mesmo que não se viva como se diz pensar, e o neodogmatismo que se diz antidogmático, pouca diferença faz a direita dos revolucionários do século XXI, que eram contra-revolucionários no século XX, da esquerda revolucionária do século XX, que é reaccionária no século XXI. Que venha o Diabo e escolha.
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