Desabafo II (com invocações tipográficas)
Acabei, agorinha mesmo, de rever as últimas provas "ozalid" do segundo volume do meu "Tradição e Revolução", que deverá ser lançado, talvez, no dia 31 de Março, talvez, na biblioteca do Palácio Galveias. Julgo que, depois de mais uma viagem à descoberta do caminho marítimo para a Índia de mais um livro, ficarei, outra vez, "desempregado", neste "stress" pós-parto que me acontece sempre que sinto não ter forças para ir além da Tapobrana.
Que saudades eu tenho do tempo das impressões a chumbo, das muitas gavetinhas onde se guardavam os tipos, das fotografias litografadas e daquele cheirinho a papel, tinta e serradura, como me aconteceu no meu primeiro livro, na velha Editorial Minerva, à Praça da Alegria. Agora as tipografias já não são tipografias, mas estúdios fotográficos, embora os tipógrafos continuem a ser tipógrafos e os escrevinhadores, a escrever, mesmo quando não assumem o título de escritores. Pronto! "Alea jacta est" e nem vale a pena pensar nas muitas gralhas que inevitavelmente levarão ao sorriso dos tolerantes leitores, especialmente as que acontecem aos perfeccionistas que, revendo e revendo, nem se dão conta dos equilíbrios que desfizeram no texto original, cumprindo-se o pior emenda do que o soneto, especialmente em erros de concordância. É este o meu desabafo, pedindo desculpa aos ilustres deputados e governantes, dado que, assim mobilizado pela história de outros governos e outros parlamentos, não consegui assistir aos debates de ontem e de hoje.
E fi-lo sem ser por alergia, atendendo às patéticas declarações do nosso MNE nos Passos Perdidos, todo enxofrado por terem recordado que terá comparado Bush a Hitler, coisa que ele nunca fez, porque nunca disse que os dois eram iguais. Tem razão, Professor Freitas! Eles têm, na verdade, inveja de Vossa Excelência, que tão corajosamente foi aos comícios do Bloco de Esquerda para salvação da humanidade e candidatura à posta que agora ocupa, para assim nos esquecermos todos da colaboração que prestou a Celeste Cardona, na reforma das prisões, e a Durão Barroso, nos comícios de apelo a uma maioria absoluta do PSD. Vossa Excelência, é, de facto, o cúmulo da coerência, dado que estando sempre no mesmo sítio, reparou, na senda de Copérnico e de Galileu, que não são os diogos que andam à volta de Portugal, é o mundo inteiro que mudou em sua revolução orbital, porque está obrigado a circum-navegar o centro solar da luminosa inteligência e da axiológica luminiscência de Vossa Senhoria. Amen!
Como se pode ver na imagem, para que surja qualquer coisa de decisivo na política, há muitos rolos compressores, de inúmeras cores, onde quem quer assumir-se homem de sucesso, depois de ser entalado entre os inúmeros amarelos e os restos de azuis, tem que passar para a fase superior dos rolos vermelhos, onde comprimindo-se a memória, com alguma lixívia nas cores, se dá um revisionismo final, com muito molho, algumas chapas e tinteiros q.b. No fim da operação, qualquer conservador axiológico, depois de algumas benzeduras na sacristia e na alfurja, pode parecer socialista e ser ministro. Fica sempre a impressão dada na última curva da estrada e até se pode dizer que Portas foi do PSD e Barroso, do MRPP. O processo também serve para a reprodução de retratos, dado que a moldura pode ser comprada numa qualquer loja chinesa, do fim da rua. O Povo já não está com o MFA!
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