Um imenso império colonial...
Face ao recente desvario do PPE, com a ameaça de expulsão de Freitas do Amaral, vale-nos a notável clarividência de um doutorado na Madrid franquista, em 1974, com uma magnífica dissertação sobre "A Europa em Formação", bem como o profundo europeísmo militante do filho de um ex-ministro das colónias, também ex-deputado europeu e ex-chefe de Estado, duas ilustres personalidades que, copiando o modelo da criação de factos políticos, em que se notabilizou Marcelo Rebelo de Sousa, na sua antiga adolescência, vieram, agora, apontar a solução para a União Europeia, através da adesão de Cabo Verde. Aliás, o primeiro desses senadores tem vindo a exprimir a necessidade de se rejeitar a integração da Turquia na UE, apesar de continuar a proclamar a sua fé naquela NATO a que a pátria de Kemal Ataturk sempre deu o seu valioso contributo.
Lemos cuidadosamente as razões invocadas para a pretensão cabo-verdiana expressas por estes seus procuradores lisboetas e, saudando, o bem fundamentado das características da nação crioula, sinceramente, subscrevemos esse manifesto lusíada. Apenas consideramos que o mesmo documento recriador da portugalidade padece de modéstia nas ambições, dado que as causas que poderão levar a Praia a Bruxelas são até menores do que aquelas que permitiram integrar o Brasil nesse mesmo grande espaço. Neste sentido, abrasados que nos sentimos pela sugestão de Chico Buarque para a recriação do imenso império colonial, permitimo-nos alvitrar que se dê uma volta completa ao texto do manifesto.
Assim, retomando uma anterior proposta de Agostinho da Silva, no sentido de Portugal pedir a integração na República Federativa do Brasil, sugerimos que o arquipélago crioulo possa servir de rebocador à jangada de pedra onde resistimos, a fim de todos nós podermos aportar, bem seguramente, em Porto Alegre, nessa luta global de luta da humanidade contra o neoliberalismo sem ética e o conservadorismo imobilista. Até deveria dar-se uma nova descoberta das descobertas, num regresso ao futuro, onde poderíamos ter à espera uma espécie de missa laica, celebrada por Boaventura Sousa Santos, coadjuvado pelo senhor Padre Milícias e pelo nobelizado José Saramago, o verdadeiro autor da ideia.
Desta forma, os portugueses que restam deixariam de preocupar-se com a ameaça de sanções bruxelenses, por causa do défice, ou com a eventual adesão dos otomanos. Sugerimos também que o buraco deixado na Península Ibérica possa ser ocupado pelo antigo Saará espanhol e até admitimos que Saramago possa continuar a residir nas Canárias, a fim de conseguir que a "Hispanidad" siga o exemplo desta nova portugalidade morena.
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