a Sobre o tempo que passa: Corte muito pior há por aqui, deste outro lado do oceano

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

23.5.05

Corte muito pior há por aqui, deste outro lado do oceano



Caro Sr.José Adelino.


Tomando por mote estes "breves aforismos conspiradores,...,...com os sonhos postos no Atlântico...", se conseguires divisar melhor, aumentando o alcance dos teus sonhos, contornando a curvatura da orbe, verías coisas talvez piores do que deixaram de ver os teus olhos, se os tivesses voltados para trás, para a tua Corte.

É que Corte muito pior há por aqui, deste outro lado do oceano, pros lados do Sudeste, cujas mesmas premissas, idéias e propósitos ditos libertários, que as esquerdas dantes, donas da verdade, que a tudo prometiam, a tudo desmontaram, a tudo conspurcaram, com suas veleidades de poderem fazer melhor, para fazer de mais caro de novo, veleidade de conhecer melhor o nosso povo, para mistificar melhor com falácias, de serem as únicas donas da verdade, para sós, dela se autorizarem à interpretá-la, com inverdades; e da moralidade que julgam poder monopolizar, utilizam-se de uma aura que já não têm, para poderem prevaricar à vontade, pretendendo esconder o produto de seus atos, ainda se julgando capazes de a todos enganarem.

Hoje pretendem até definir o que e como, é direito se falar, com uma mal disfarçada camisa-de-força lingüística de gosto duvidoso, por meio da qual pretendem impor um linguajar, "do politicamente correto", prática tão corrente dos regimes totalitários, das quais volta e meio acusavam os militares, de no passado terem
feito.

Perdem muito tempo ao estimularem uma cultura da dependência, distribuindo dinheiro a fundo perdido para os pobres, aumentando despudoradamente a tributação, ao arrepio da Constituição, criando ao mesmo tempo, uma enorme quantidade de cargos públicos para abrigar a máquina do partido, que alimenta a cornucópia dos recursos que pretendem despejar, para se manterem, nas próximas eleições presidenciais

Desavergonhadamente praticam a espécie de política que sempre condenaram em todos os governos anteriores, bloqueando votações, fazendo acordos anti-éticos, comprando votos com cargos, e por aí, aprovam leis impopulares, lesionando os direitos e garantias fundamentais, para imporem o estado stalinista, cujo sonho desvairado, tiveram que adiar quando pegaram em armas para impor um governo esquerdista destrutivo e caótico em 64, e depois para tentarem derrubar um governo de força, que pelo menos, não mentia e realizava, embora não fosse democrático, não tinha veleidades de pretender ser a solução de tudo, mas trabalhou duro e com competência para tal.

Hoje se apossaram da administração pública, dos cargos eletivos, e embora não detenham tudo, através do Governo federal, vendem uma imagem irreal de bem estar do Brasil, de liberdades, mas o que há mesmo é corrupção, é patrulha ideológica, é perseguição, é falta de competência para administrar, falta de imaginação para criar, porque a imaginação destes, se esgotou ao longo dos 24 ou 25 anos (data de criação do Partido dos Trabalhadores), em reescrever um discurso que nasceu radical, sectarista, e veio se atenuando em sua virulência da esquerda sindicalista, galgando de graduação em graduação, uma cor mais apetecível para a massa da população, cooptando letrados e desletrados, que nas suas ingenuidades peculiares a cada um, acreditaram, mas o que de fato conseguem fazer é nada.

E o que não conseguem fazer, por que dizem ser impossível consertar, atribuem a culpa aos que vieram antes, e a recorrência é tamanha, 'baseados' no método dialético do marxismo, que chegam até culpar a mãe Portugal, que era o Reino, esquecendo que éramos Colônia, e cada um no seu papel, fizemos o que tínhamos de fazer, segundo nosso interesse do momento, por mais errado que aquilo fosse parecer depois.

O Brasil, costuma olhar para a ex-Corte, e lamentar as oportunidades perdidas pelo que deixou de fazer, comparando-se aos Estados Unidos; mas se comparar-se à América Hispânica, consola-se pela união que ostenta nesse imenso território, em contraste com os múltiplos estados além fronteiras surgidos, que se fragmentaram de uma só colônia, característica que herdou da matriz cultural da pátria mãe lusa, de língua, de costumes e identidade cultural, ainda que tenha se tornado, multiétnico.

Os esquerdistas hoje e ontem no governo, acredito que lá e cá, porque todos provêm da conspiração estéril, do proselitismo falacioso, das utopias inexeqüíveis; não sabem o que é empreender, nunca "encostaram o umbigo no balcão", como se diz por aqui, nesta Terra de Santa Cruz, e se sempre se utilizaram das massas para sua demagogia vã, ainda assim não conhecem mesmo o povo, porque o desprezam, porque na administração, nada fazem por ele que gere o mundo maravilhoso que prometeram, (como todo político), e em geral, gestão após gestão, frustam todos os que acreditaram, e os que não acreditaram nas suas mentiras.

Não baixam os impostos, não facilitam a burocracia, não estimulam os negócios, não relativizam as relações trabalhistas, por conseqüência não conseguem gerar novos negócios, não geram empregos, desestimulam as empresas existentes, e aumentam cada vez mais a tributação,(única receita que conhecem), para sustentar a cada vez maior máquina partidária

Na Inconfidência Mineira, buscávamos nos livrar da incomoda derrama que Portugal nos impunha, dos "quintos" não recolhidos há já alguns anos.

Àqueles episódios conspiratórios, que impiedosamente foram sufocados a custa do sangue do mártir Tiradentes, pela Corte insensível que doutro lado do Oceano, nos subjugava como Colônia, nos insurgimos da cobrança por causa de uma alíquota de apenas 20% de impostos taxados sobre os nossos ganhos.

Nosso governo, 'livre', 'democrático', que pouco nos faz, que não se justificou por não realizar as coisas que comprometeu-se a fazer, (ao menos tivesse realizado algumas poucas), nos tributa em média, segundo mais corrente avaliação dos tributaristas, em 38.5% na média.

E apesar de querer ditar cátedra mundo afora, de competente, magnânimo e perspicaz, esse monumento da incapacidade que elegemos à nos presidir, que atende pelo jocoso nome de um molusco, posa de herói dos oprimidos, líder dos pequenos, árbitro dos irresponsáveis,(Kirchner e Chaves) e condutor das minorias iguais a ele na alimentação da inveja, no culto da mágoa por não serem melhores, e creditam todas suas insatisfações e insucessos aos outros, sem nada para fazer por melhor a si mesmos.

Mesmo os cépticos, aqueles que não crêem nunca nas blasfêmias e basófias, estes gostariam de errar em seus vaticínios, em suas más predições, pelo menos uma "vezinha" só, para que, ainda dentro do período de suas vidas, pudessem dizer; "essa regra, a de que todos os políticos mentem, de que não prestam e de que nada deles se pode esperar, também tem exceção."

Não vos conheço, nem sei mesmo sequer, onde fica esse São Julião da Ericeira, neste Portugal que também nunca visitei, todavia do qual, nutro um amor atávico, mas o pouco que li de sua lavra, me põe a concordar consigo, e me faz unir tanto quanto, pelo o que escreve o João Ubaldo Ribeiro,(baiano de Itaparica, que embora muito mais perto, também não conheço), que à sua moda, também escreve e muito sobre incongruências desses pretenciosos "salvadores" das nossas pátrias, grande escrito que é, (se não o conheces, deves conhecê-lo), porque além do mais, tem a coragem de escrever contra essa avalancha de incompetências que os brasileiros de agora, e os portuguese segundo dizes, estamos sendo obrigados a enfrentar, e creio que cá e lá, porque todos, cidadãos do mundo, estamos postos, nesta quadra da história, nesta oportunidade da vida, e esse é o nosso "karma", conviver com as imbecilidades que de uma forma ou de outra, somos obrigados, ainda que não queiramos, a nos defrontar.

Um grande abraço.

Roberto Abreu Rabello de Mello - Cuiabá/MT - Brasil