a Sobre o tempo que passa: Kumba, pela madrugada, pé-ante-pé

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

25.5.05

Kumba, pela madrugada, pé-ante-pé



Com Barroso em Bruxelas, Guterres no Acnur, Santana em trânsito e Portas em Vilas Diogo, antes de chegar aos States, há dez milhões de portugueses menos quatro que bem podem sonhar seguir os passos de fuga de seus antigos representantes: todo o mundo é o nosso sítio, menos cá. Vale-nos que Kumba, pela madrugada, pé-ante-pé, voltou aquilo que sonha ser seu lugar, a velha casa da saudade de que havia sido capataz. Mas foram breves e pouco ledas essas horas de apossamento, essa bebedeira ilusionista de regresso a um tempo que já não há.



Que todos os Kumbas, de lá ou de cá, querem mesmo ou adiar eleições, ou adiar a tomada de posse dos que foram eleitos, julgando que podem mudar o sentido da história, nessa loucura de não aceitarem a força normativa dos factos. E a tragicomédia desses agarrados às cadeirinhas do poderzinho leva a que os em causa possam vir a ser meros apanhados da mediatice. Os kumbas de lá e os kumbinhas de cá, que se engravidem de lembranças e se embriaguem dos desvarios da gargalhada! Eu apenas não quero pagar impostos para isso. Só compro bilhetes para os jogos que quero ver. Pornografia, não, obrigado! Kumbismo, nunca mais!