O Poeta resiste. O Poeta não morre. Recebido de M. Teresa Bracinha Vieira
Dos poetas, talvez deles jorre um dia uma humanidade melhor e mais humana.
O poeta é um dardo de luz, um desses filamentos de sol que iluminam as paisagens ainda desconhecidas.
O poeta é sempre alguém interdito porque não aceita a desertificação das percepções, das intuições, dos afectos.
O poeta nunca afrouxa, nem se deixa infectar.
O poeta recebe os seus visitantes aflorando ao rebordo da argila.
O poeta enrodilha palavras numa síntese de rebeldias e sacode-as para os céus que as devolve em água, fonte ou ave.
O poeta indaga de porta em porta a alma na sua surpresa, na sua aflição, na sua inquietude, na sua alegria datada.
O poeta será sempre o dia acabado de nascer. A grande razão.
E num fulgor e num fluir, escreveu Eugénio de Andrade:
Para jardim te queria.
Te queria para gume
ou o frio das espadas.
Te queria para lume.
Para orvalho te queria
sobre as horas transtornadas.
Para a boca te queria.
Te queria para entrar
e partir pela cintura.
Para barco te queria.
Te queria para ser
canção breve, chama pura.
M. Teresa Bracinha Vieira
<< Home